Nome original: The Blade Itself;
Autor(a): Joe Abercrombie;Editora: Arqueiro;
Revisão: Milena Vargas e Natalia Klussmann;Onde comprar: Compare preços;Sinopse: Sand Dan Glokta é um carrasco implacável a serviço da Inqiuisição de Sua Majestade. Nas mãos dele, os supostos traidores da Coroa admitem crimes, apontam comparsas e assinam confissões - sejam eles culpados ou não. Por ironia, Glokta é um ex-prisioneiro de guerra que passou dois anos sob tortura.
Mas isso nunca teria acontecido se dependesse de Logen Nove Dedos. Ele jamais deixaria um inimigo viver tanto tempo. Só que isso foi antes. Agora ele está decidido a mudar. Não quer ser lembrado apenas por seus feitos cruéis e pelos muitos inimigos que se alegrarão com sua morte.
Já a felicidade do jovem e mulherengo Jezal dan Luthar seria alcançar fama e glória vencendo o Campeonato de Esgrima, para depois ser recompensado com um alto cargo no governo que lhe permitisse jamais ter um dia de trabalho pesado na vida. Mas há uma guerra iminente e ele pode ser convocado a qualquer momento. Luthar sabe que, nos campos do Norte gelado, o embate segue regras muito menos civilizadas que as do esporte.
Enquanto a União mobiliza seus exércitos para combater os inimigos externos, internamente se formam conspirações sanguinárias e um homem se apresenta como o lendário Bayaz, o Primeiro dos Magos, retornando do exílio depois de séculos. Quem quer que ele seja, sua presença tornará as vidas de Glokta, Jezal e Logen muito mais difíceis. Agora a linha que separa o herói do vilão pode ficar tênue demais.
Sucesso entre os leitores de George R. R. Martin, a trilogia A Primeira Lei teve os direitos vedidos para 24 países. Os próximos títulos da série são Antes da Forca e O Duelo dos Reis.
É uma coisa meio estranha de admitir, cinco anos depois, mas, sim, é preciso: Christopher Paolini agora divide o pódio de meu autor favorito de fantasia épica.
Pois quem
senta ao seu lado, no trono de ouro, é Joe Abercrombie.
Eu,
honestamente, não imaginava o quão estupendo poderia ser O Poder da Espada, nova aposta de fantasia da editora Arqueiro.
Recebi esse livro em mãos quando estava lendo um com uma vibe totalmente diferente da que este repassa; quando finalmente o
segurei para ler, até dei um suspiro. Eu já havia tido experiências não muito
agradáveis antes com fantasia épica, desilusões que eu realmente não esperava
ter por serem com obras consagradas e praticamente tombadas como patrimônio
criativo épico-fantástico mundial. Arriscar-me de novo nesse chão, onde eu só
havia tido sucesso com uma saga – O Ciclo da Herança, de Paolini –, não me
parecia muito sensato. Mas eu precisava lê-lo. Não só pela esperança de
desmistificar minhas sensações ruins quanto a livros deste cunho, mas também
porque era um lançamento de uma de minhas editoras favoritas, e ela esperava
retorno.
Então
abri o livro, me concentrei na primeira página.
E, de
verdade: quase não larguei mais até acabar.
O Poder da Espada, narrado no estilo POVs (Points of Views), conta as histórias de
vários protagonistas em torno de uma grande trama. Enquanto o torturador Sand
dan Glokta vive uma vida amarga tendo o poder de confissões de grandes homens
de uma Coroa poluída e a confiança de poderosos homens interessados em seus
ganhos, o sangrento Logen Nove Dedos, que acabou de perder tudo – sua família,
seu bando e sua força de vontade de continuar vivendo sob uma fama de terror,
assassinato e sangue –, é clamado pelo misterioso e lendário Bayaz, o Primeiro
dos Magos, para juntar-se ao mesmo em uma jornada mais repleta de magia,
descobertas e perigos do que um homem Nomeado e de novo coração pode imaginar
viver. Jornada que pode acabar interferindo até mesmo na vida do bon vivant Jezal dan Luthar, o qual, à
beira de um campeonato que pode mudar sua vida com respeito, glória e
reconhecimento, redescobre lados de si mesmo que nunca ousou imaginar possuir e
se prepara para uma guerra que há tempos muitos homens não haviam ouvido falar
e lutado. Uma guerra iminente de uma nação poderosa, cheia de conflitos
políticos, pessoais, personagens históricos ressurgentes e magia contra inimigos
longínquos, governados pelo sanguinário, impiedoso e misterioso poder de um
poderoso inimigo. Uma guerra que mudará o rumo de tudo e todos em suas
histórias.
Falando
sobre o livro, algo muito importante em livros que propõem prólogos é que estes
consigam tanto animar o leitor quanto instiga-lo a continuar com a leitura do
livro. O prólogo de O Poder da Espada
é ótimo: finalmente cumpriu esta função – já que alguns que peguei recentemente
eram simplesmente coisas quase totalmente nada a ver com o enredo do livro.
Fiquei realmente instigadíssimo.
É um
livro de um mistério e suspense maravilhosamente montados, que sabe segurar e
ansiar o leitor para que este continue a devorar as deliciosas páginas escritas
por Abercrombie. Escrita, aliás, que é de uma riqueza comedida e agradável em
descrições, além de dotada de um ritmo gradativo que só cresce, desenvolve e
enriquece o enredo. Neste livro, nunca a leitura se torna atravancada ou é
desmotivadora. É engraçado em alguns pontos, repleto de cinismo e sarcasmo,
além de trabalhar com interesses políticos e disputas que envolvem pessoas
inescrupulosas, cruéis e maquiavélicas – um prato cheio para quem é fã e para
aqueles que querem começar a ler literatura fantástica épica.
É um
livro que surpreende com mínimos detalhes e o caráter brusco que sua sociedade
sedenta pelo poder, medieval e deliciosamente fantástica traz. As cenas de luta
são impecavelmente bem descritas e emocionantes: mais do que eu esperava, até
(quem tem estômago mole deve ter um pouco de cuidado: o escritor é sincero com
o que imaginou nas cenas mais violentas). Não me senti com vontade de pular
algum narrador específico, também, coisa que é muito comum quando lemos coisas
em estilo POVs. O comportamento completo dos personagens, que são fieis às suas
personalidades, é interessante e incrivelmente cativante. Esta linearidade
empática de todos os personagens é estonteante. Você simplesmente ama todos os
personagens de O Poder da Espada. Se
assusta com um ou com outro aqui e acolá, discorda do ideal de alguns (o que é
completamente normal), mas não pode negar que gosta de lê-los e acompanha-los.
Coisa que pra mim, além de difícil de ser feita, é fantástica quando acontece.
O Poder da Espada: um livro inteligente,
composto por personagens maravilhosos e escrito por um homem de talento
surpreendente e possuidor de uma destreza literária inegavelmente brilhante. Eu
realmente não havia ficado tão animado, instigado e apaixonado por uma
literatura fantástica épica desde Christopher Paolini e sua fantástica criação,
O Ciclo da Herança. (Eragon) Eu quero e preciso ler a
trilogia A Primeira Lei, de Joe
Abercrombie. É uma necessidade literária real e incontestável.
Por
favor, leia O Poder da Espada. Seja
você conhecedor de literatura fantástica épica ou não. Acredite: vale a pena se
inebriar nestas 480 páginas.
P.S.: Quase
esqueci de comentar, puxa. Só há duas coisas que eu criticaria neste livro:
1) A
editora realmente poderia ter caprichado um pouquinho mais na diagramação, né?
Ter colocado fontes mais elaboradas nos títulos dos capítulos, ter feito algo
mais impactante e bonito de se ver (tanto na organização quanto no design das
páginas);
2) Por
ser um livro de literatura fantástica épica, senti MUITO a falta de elementos
que normalmente existem neste tipo de livro. Um mapa para mostrar a geografia
do mundo onde se situa a história (principalmente); um apêndice com explicações
que poderiam enriquecer não só o enredo, mas também o fluxo criativo do leitor
e o entendimento do mesmo perante vários aspectos; uma página de ensino de
pronúncia de nomes também seria divertido, e outras coisas que poderiam ser
somadas ao livro e deixa-lo, em questão de conteúdo, mais completo do que já é.
Mas nada que prejudique o livro, é claro. Nada mesmo. Pode ler à vontade, entregue e sem medo. Acredite.

