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21 outubro 2020

Resenha - Antes de partir desta pra uma melhor

Título: Antes de partir desta pra uma melhor
Original: One Last Thing Before I Go
Autor: Jonathan Tropper
Editora: Arqueiro
Onde comprar: Amazon
Sinopse: Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que a vida de Drew Silver é uma sequência de decisões equivocadas. Faz quase uma década que sua banda de rock emplacou uma música, filha única de mãe solteira. Desde então, a banda se separou, sua mulher o largou e Silver tem assistido a vida passar, tocando em casamentos – quando aparece algum – e descontando os cheques cada vez menos frequentes que recebe pelos direitos autorais de seu único sucesso. Silver então descobre que a ex-mulher está prestes a se casar de novo e que a filha adolescente, Casey, está grávida. Para completar, depois de sofrer um derrame que o deixa incapaz de controlar a língua e guardar para si o que pensa, ele precisa de uma cirurgia no coração. Diante desse cenário, o músico fracassado depara com a pergunta decisiva: será que vale a pena salvar uma vida tão mal vivida? Assim, sob o olhar exasperado da família, ele toma a decisão radical de se recusar a fazer a cirurgia e dedicar o pouco tempo que lhe resta a tentar consertar o relacionamento com Casey e aproveitar a vida – mesmo que ela não dure muito. Com diálogos rápidos, irônicos e sagazes, Jonathan Tropper confirma sua habilidade em retratar com humor e perspicácia o lado oculto da família moderna.

Ler Jonathan Tropper novamente foi divertido. O livros do autor, se bem me recordo, geralmente são sobre histórias de homens (héteros e cis) em situações meio fracassadas de vida e que encontram em seus caminhos algum meio de mudança, seja por meio de uma pessoa nova, um acontecimento ou uma epifania, que os fazem perceber que a vida é muito mais do que frustrações e perdas.

Em Antes de partir desta pra uma melhor, temos a história de Silver (ele é comumente chamado pelo sobrenome), divorciado, possui uma filha que não realiza muito contato, uma ex-mulher noiva de um médico renomado. O ex-estrela de rock atualmente toca em aniversários e bar mitzvá, e mora em um hotel famoso em ser moradia de divorciados. Silver se sente sozinho e sem perspectiva de vida, mesmo tendo amigos da mesma idade ao seu redor, todos, porém, possuem algum problema em família.

A narrativa de Silver muda quando sua filha reaparece em sua vida, dizendo estar grávida. Uma jovem de apenas 18 anos já com uma grande responsabilidade em mãos. Silver também descobre ter uma grave complicação no coração que possivelmente o matará a qualquer instante, e decide não se operar para salvar sua própria vida, ele prefere a morte iminente, pois já não vê sentido em mais nada. Enquanto isso, toda a sua família se desespera por sua decisão, e sua filha decide também manter sua gravidez (mesmo a contragosto de todos), em desafio à decisão de seu pai.

Assim se inicia essa trajetória ao mesmo tempo engraçada e dramática na vida do protagonista. Tropper  narra muito bem a mente de um adulto na faixa dos seus 40/50 anos, homem hétero e cis, partindo mesmo dessa perspectiva bem estereotipada do gênero, pois não à toa enfatizo que suas narrativas possuem protagonistas do tipo. Pessoalmente, isto poderia ser um empecilho para gostar da leitura, mas perdoadas as situações e posicionamentos machistas presentes no discurso de alguns personagens (inclusive criticados na trama por meio de outros personagens), a leitura se torna envolvente e gostosa de ler, pois, mesmo tratando sobre morte e dramas familiares, os diálogos entre os personagens, os pensamentos e lembranças de Silver, as situações vividas por ele com a família e amigos são bem engraçadas, possuindo um humor ácido e melodramático que me agrada.

Mesmo se tratando de uma narrativa um tanto densa em alguns aspectos, há reviravoltas durante a trama, mas é como se tivéssemos acompanhando o dia-a-dia de uma família desconjuntada que, no entanto, se amam e se preocupam uns com os outros. Assim, temos uma história de amor, de solidão, de arrependimentos, de compaixão, de descobertas e de reflexões sobre família e do que realmente importa em nossas vidas.

A edição da Arqueiro está impecável, neste novo modelo de edição (possuo outros dois livros do mesmo autor, que seguiam o mesmo modelo de capa e tipo de papel), a capa está belíssima, o papel dura muito mais tempo sem acumular poeira e ficar completamente amarelado, além da tradução e revisão estarem boas. Recomendo a quem se interessar em livros de humor leve, sobre fracassos momentâneos e reflexões de vida.

11 outubro 2014

Resenha - Querida Sue

Nome: Querida Sue
Original: Letters from Skye
Autor(a): Jessica Brockmole
Editora: Arqueiro
Sinopse: Março, 1912: A jovem poeta Elspeth Dunn nunca viu o mundo além de sua casa, localizada na remota ilha de Skye, noroeste da Escócia. Por isso, não é de espantar a sua surpresa quando recebe uma carta de um estudante universitário chamado David Graham, que mora na distante América. O contato do fã dá início a um intercâmbio de cartas onde os dois revelam seus medos, segredos, esperanças e confidências, desencadeando uma amizade que rapidamente se transforma em amor. Porém, a Primeira Guerra Mundial força David a lutar pelo seu país, e Elspeth não pode fazer nada além de torcer pela sobrevivência de seu grande amor. Junho, 1940, começo da Segunda Guerra Mundial: Margaret, filha de Elspeth, está apaixonada por um piloto da Força Aérea Britânica. Sua mãe a alerta sobre os perigos de um amor em tempos de guerra, um conselho que Margaret não quer ouvir. No entanto, uma bomba atinge a casa de Elspeth e acerta em cheio a parede secreta onde estavam as cartas de amor de David. Com sua mãe desaparecida, Margaret tem como única pista do paradeiro de Elspeth uma carta que não foi destruída pelas bombas. Agora, a busca por sua mãe fará com que Margaret conheça segredos de família escondidos há décadas. Querida Sue é uma história envolvente contada em cartas. Com uma escrita sensível e cheia de detalhes de épocas que já se foram, Jessica Brockmole se revela uma nova e impressionante voz no mundo literário.

Querida Sue foi um lançamento muito esperado por mim. Um livro todo em formato de cartas e ainda tendo romance histórico com certeza me interessou bastante. Pena que a leitura não agradou tanto assim.

Em 1912, Espelth Dunn é uma escritora residente da ilha remota chamada Sky, na Escócia. Distante de tudo e de todos, estranha quando recebe a carta de um jovem universitário dizendo-se fã do livro que ela publicou. David Grahan mora na América, o que torna seu contato bem inesperado para Espelth. Os dois terminam por construir uma amizade através das cartas que trocam ao longo dos anos, porém a Primeira Guerra Mundial começa e David decide fazer parte dela. Rapidamente a estória vai para 1940, começo da Segunda Guerra Mundial e já nos traz como escritora de cartas, Margaret, filha de Espelth, que também mantém troca de cartas com uma pessoa especial. 

A estória das duas protagonistas acabam por se entrelaçar, como podemos deduzir e as cartas expostas nos revelam suas estórias e as estórias de outros personagens ao longo da narrativa. O que me fez não ter tanto prazer numa leitura que eu tinha altas expectativas, foram justamente as cartas. Há a mudança entre os anos e personagens durante as cartas, o que deixa o leitor confuso enquanto lê a obra. Não sei se foi apenas comigo, mas a leitura se tornou extremamente confusa de compreender quanto às datas e as cartas trocadas.

Já li outros livros com as famosas digressões que fazem mudar o presente dos personagens em determinada narrativa, porém em Querida Sue, o formato da narrativa talvez tenha prejudicado a apreciação de uma estória muito interessante e instigante quanto aos fatos narrados.

O romance funciona muito bem. Os personagens não me pareceram superficiais e foram, durante a leitura, cativantes. Podemos nos apaixonar por Espelth e David logo nas primeiras páginas. E o romance entre sua filha e o piloto da Força Aérea Britânica também instiga o leitor em relação ao que irá acontecer com os dois.

O espaço onde ocorre a narrativa é um diferencial, assim como a época em que ocorre. Enfim, Querida Sue é realmente uma obra interessante e instigante como um romance romântico e histórico, porém, seu formato prejudicou um pouco a compreensão da narrativa. A edição está perfeita, a editora não peca nos detalhes e diagramação de suas publicações, o que me agrada e muito. Recomendo à todos os curiosos desse romance que diferencia e agrada aos amantes de cartas.

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