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16 maio 2020

Um texto autodepreciativo


Eu acho que o melhor a se fazer, muitas das vezes, é admitir que eu sou ridícula. É isso mesmo, sem autopiedade nem falsa modéstia. Eu pensei que aquele discurso da Rafa Kalimann fosse perfeito pra dizer àquela guria que eu não suporto, mas na verdade ele é perfeito pra mim. Alguém poderia me jogar as mesmas afirmações e eu deveria aceitar. Tem dias (e noites) que eu só consigo pensar no quanto eu devo aparentar uma ridicularidade sem fim. Seja fingindo que tá tudo bem, seja fingindo que sei das coisas ou que tô fazendo algo realmente importante. O caso é que eu paraliso por coisas tão pequenas, tão mesquinhas, e me deixo levar por pensamentos tão errados, que só posso concluir que não sou nada disso do que eu mesma resolvi demonstrar. As pessoas não sabem as pesquisas feitas no Google gravadas no meu celular, entende? Ninguém poderia defender os pensamentos sórdidos e odiosos que eu já emiti sobre certas pessoas, nem o quanto já esbravejei na minha cabeça uma lista infinita de palavrões quando algo deu errado ou não saiu como esperado. Além de ser ridícula, sou patética. E pequena. E talvez meio burra. Meio incoerente e algumas vezes falsa. Se puxarem no meu histórico de vida todas as vezes que eu me contradisse, haja papel! Eu sei lá. Tem dias que é difícil se amar. Se sentir importante. Ou mesmo se sentir uma gostosa.
Às vezes eu só queria ser uma gostosa.

Tem dias que é mais difícil acreditar em si mesma, mas essa escrita é mais pra externar algo do que afirmar que sou realmente isso. A gente precisa entrar em contato com certas coisas que falamos de nós mesmos pra ressignificar e não concordar, refutar e até negar. Eu não sou o que eu penso de mim mesma, nem o que dizem sobre mim. Eu sou "um não sei quê, que nasce não sei onde" e que vive em constante aprendizagem. Só isso.

07 janeiro 2020

A perder de vista


O tempo passa quase rasgando nossa pele, nos leva junto como se fosse uma rajada forte no meio de uma tempestade por vir. Caso não criemos uma fortaleza para nos proteger e nos dedicar ao que amamos, é possível que ele nos atravesse como uma flecha de um caçador, rápida e certeira. Meu medo não é da passagem do tempo, sei que é inevitável, meu medo é de perder esse transitar e não saber como e quando cheguei ao futuro que me espera. Tudo que me transpassa é importante, tudo o que me atravessa e tudo o que permanece comigo. Não quero me perder na trajetória ao pensar somente no objetivo, até porque não há um só objetivo por todas as possibilidades vindouras. Então que eu aprenda a usufruir disso tudo, dos que estão aqui e do que está acontecendo, e que eu não me esqueça dos que já foram e do que já ocorreu, mas que eu saiba lidar com as perdas, com o passado e com as conquistas que me fazem chegar onde estou. É importante celebrar os fins e os começos, mais importante ainda é agradecer por quem esteve junto e contribuiu tanto nos caminhos que escolhi. O tempo pode passar, me atravessar, me atingir em cheio, eu só desejo estar consciente do que aconteceu e de como vim parar aonde quer que esteja.

12 julho 2019

Em caso de delírio


Tem dias que aparentemente tudo está fora da ordem e a vontade de arrumar a bagunça não vem. E parece também que tudo e todos estão contra você ou que o destino, o cosmos, os astros e as luas estão te castigando por alguma coisa errada que já fizestes no passado. O carma parece real e a única solução viável a qual consegui me direcionar foi aceitar a vibe ruim e maratonar filmes de comédia romântica antigos, que sempre me deixam com um fiozinho de esperança em finais felizes. As situações ideais, os personagens belíssimos, o enredo perfeitamente elaborado pra desencadear coisas boas sempre me proporcionaram uma certa paz interior. Perfil de pisciana, com ascendente em 'sonhadora' e lua em 'trouxa'. O único grande problema nisso é esperar que, ao voltar para a realidade, tudo aquilo que acabei de assistir aconteça nos próximos dias. A mensagem perfeita no celular, a saída com os amigos em câmera lenta e uma música alto astral, um passeio em família com foto de propaganda de margarina... Nada disso realmente acontece, e por muito tempo a frustração nessa negação da vida, em me proporcionar cenas de cinema, causava uma profunda tristeza. Felizmente a gente cresce, infelizmente a aceitação de uma realidade nada fantasiosa precisa ser admitida. Mas daí eu me imagino nas piores situações daqueles mesmos filmes que antes tanto me alegravam. A solteirona sem filhos e sem uma carreira profissional satisfatória, a adolescente sem amigos e incompreendida pelos pais, o jovem traumatizado com o bullying na escola, que não conseguiu superar seus receios de adolescentes e continua com uma personalidade subjugada por todos, ou a mulher que ainda não percebeu a necessidade de amar a si mesma antes de amar alguém. As inúmeras possibilidades em "deu ruim" chegam à mente mais rápidas do que os boletos do mês. Felizmente, na vida adulta, já surgem contrapartidas maravilhosas pra rebater tudo isso. "Respire fundo", "pense em coisas boas", "reflita sobre o seu corpo", "atente para sua alimentação", "leia mais", "ouça mais", ou simplesmente diga a si mesma: "você está delirando, querida".

18 fevereiro 2019

Repositório


Há quem diga que devemos deixar para trás, de vez, algumas coisas que já não cabem mais em nossas vidas, que já não integram nossa rotina. Eu sempre penso nisso quando lembro que existe esse blog, criado há tantos anos atrás e que vive abandonado, sem leitores, sem postagens, sem conteúdo. Felizmente, ele é um dos repositórios que me trazem muitos momentos nostálgicos em frente ao computador, em horas que foram produtivas para mais ninguém, fora eu mesma. 
Sempre escrevi para expressar algo que não cabia apenas nos pensamentos; claro que desejava um público leitor, alguém, nem que fosse apenas uma única pessoa lendo as páginas que dedicava a escrever nas horas em casa. Mas a principal intenção era expurgar um pouco o que eu guardaria somente na memória. Sendo esta bem falha, sempre viria aqui para deixar registrado um pouco do que gostei em assistir, ler, ouvir ou das alegrias e angústias que vivenciava.
De tempos em tempos retorno a esse espaço e me deparo com um certo tipo de orgulho. Foi um dos primeiros projetos que não hesitei em iniciar e, até hoje, 11 anos depois, permaneço com ele. Não é a mesma coisa, evoluiu em alguns aspectos, porém nunca foi excelente, não ganhou prêmios e nem possui os melhores textos, mas é parte da minha história e continua sendo meu repositório de coisas boas a relembrar.
Nesses trajetos que a vida me conduz, aprendi (e devo continuar aprendendo) que nem sempre seremos excelente, aliás, quase nunca seremos de fato, dependendo do ponto de vista que adotarmos (seu ou de um alheio), mas o que fazemos, o que construímos, o percurso que vivemos e a dedicação que empenhamos em algo que nos proporciona pequenas ou grandes satisfações já basta para uma mente cansada das cobranças neuróticas em ser mais do que se é.

21 dezembro 2018

A pausa dos 365 dias

Colagem por Jeniffer Yara (eu mesma)
A despeito de todas as coisas ruins que aconteceram em 2018 sobre injustiças e barbaridades políticas, não posso deixar de ser grata a tudo o que me ocorreu neste ano e que não tive tempo de vir aqui escrever sobre. Há uma ideia de que, quando vivemos, o tempo para a escrita se esgota, e só após um longo período, em um momento de pausa, devemos retornar para contar tudo aquilo que nos ocorreu. Eu não acreditava nisso. Achava que havia tempo pra tudo, era só se planejar. Estava errada. A vida, os trabalhos, as companhias e os estudos me chamaram cada vez mais este ano e o tempo de pausa foi pouco para os dedos iniciarem alguma conversa com as teclas em tom de desabafo ou impressões sobre o que havia ocorrido. Os novos desafios foram tantos que precisei de um Outro para clarear as ideias e dizer: se dê uma pausa. Você merece. A cobrança em não parar nunca viera, do alheio e do eu. Mas as conquistas valeram à pena, assim como o reconhecimento dos bons frutos de um bom trabalho. O círculo de afetos aumentou, redistribuindo-se em novos rostos, mas agregando antigas companhias. As mudanças frutíferas trouxeram sim embates ruins, mas ao mesmo tempo, no fim, ou no meio de tudo (nada nunca acaba), trouxe paz e ar puro aos incômodos de anos respirando ares poluídos. Algumas coisas preservaram-se, outras, desvaneceram-se quase que por completo, mas está tudo bem, as velhas peles precisam ser renovadas para outras mais brilhosas e saudáveis surgirem. O processo de renovação é contínuo. E no meio do turbilhão de tarefas e projetos a realizar, vou me descobrindo e renovando minha história. Entre as pausas que me obrigo a fazer, deixo as fichas caírem na conta de uma biografia não escrita, nem finalizada.

11 março 2018

Do até breve

Edward Hopper

Sigo abalada pelas despedidas que a vida me obriga a realizar. O fechamento de um cliclo nunca parece ser fácil quando ele se concretiza. Mesmo que esse ciclo retorne, mesmo que os caminhos se entrelacem novamente, a breve (ou definitiva) despedida é árdua. Sempre me apeguei muito ao que tive de objetos ao meu redor, mas nunca pensei em me apegar tanto a pessoas e a atividades que fizeram parte, mesmo que brevemente, de uma rotina. Talvez esse ciclo seja diferente, talvez a experiência tenha sido mais profunda do que pensei que seria, e talvez por isso meu coração segue apertado pela despedida necessária.

06 março 2018

Ilógico e imprevisível


Acho que o futuro sempre me amedrontou. Seja o perigo da morte, seja algum acidente ou surpresa desagradável que poderia acontecer em um futuro próximo, a incerteza do que poderia ocorrer em algumas horas, alguns dias, alguns meses, sempre me deixou com a respiração entrecortada. Aos poucos eu aprendi que esse medo me paralisava e me mantinha em uma mesma posição, achando que nada do que eu fizesse poderia reverter aquele futuro ruim que nem tinha acontecido ainda, mas que eu previa ser possível. Acontece que, o tempo passa muito rápido, sabe?! Você nasce e daqui a pouco tá completando 25 anos de vida cheia de dúvidas sobre filhos e casamento. E o medo não pode permanecer ali. A vida te exige movimento. Exige ação. Algumas vezes ações planejadas, outras, ações impetuosas, instantâneas, decisões impulsivas e corajosas. Mas exige o seu "levantar da cadeira" para fazer alguma coisa. Acontece que, também, ao longo do tempo eu desenvolvi um pessimismo o qual nem eu mesma percebia ser existente em mim. Logo, há uma soma bem interessante nisso tudo: medo + pessimismo + ação (se não a vida te engole e você para num lugar totalmente desconhecido, talvez não muito bom). E qual seria o resultado disso tudo?! Não faço a mínima ideia. Só sei que alguns resultados estão sendo muito bons. Até agora. Viu? Olha meu pessimismo fluindo pela escrita... Algumas ações planejadas realmente dão certo, motivadas na incerteza do futuro e na exigência de coisas a se fazer no seu dia-a-dia, outras nem tanto, normalmente são as mais impulsivas, aquelas que nos dão uma sensação de 'eu não deveria estar fazendo isso', mas quero muito. O tal do Id ganhando uma batalha com o Ego. Mas ninguém garante que as ações planejadas e pensadas irão render bons frutos, às vezes é algo necessário, é o que dá pra fazer, é o que te exigem. Sem falar daquelas atitudes espontâneas que te rendem momentos memoráveis. Quem sabe? Nossa vida acaba não se resumindo a uma soma, talvez seja uma operação ilógica matemática com produtos imprevisíveis elevada ao (quase) infinito.

p.s: eu acredito em destino. em coisas que não podemos controlar. em acasos. em carma. talvez eu não seja tão pessimista assim.

08 dezembro 2017

Gratidão

   

       "A gente não chega a lugar algum sozinho". Essa é a frase que me acompanha nesses últimos dias de 2017 e que provavelmente deve estar me acompanhando desde já muito tempo, mas só agora puder ver a força que ela possui em minha vida. 
      Sempre fui de planos, de programar minhas atividades, de tentar esquematizar minhas ações, o futuro incerto sempre me amedronta, não gosto das surpresas do destino pois nem sempre elas são boas e bem sei que isso é de extrema imaturidade, mas são questões de personalidade as quais ainda não consegui me afastar. Porém, em alguns momentos de nossas vidas, bem específicos, bem marcantes, algumas surpresas são realmente gratificantes. Enquanto me afundava em leituras difíceis e novas no meu quarto, meus pensamentos vagavam para um possível futuro próspero, mas aparentemente distante. Em um piscar de olhos, esse futuro já era o presente, e novos desafios surgiam ao longo dos dias. Em um estalar de dedos já me vi em outras posições, atuando de outras formas e realizando diversas ações que até pouco tempo atrás eram apenas pensamentos de uma mente ansiosa por mudanças e ao mesmo tempo amedrontada por elas. Mas esse piscar de olhos, esse momento repentino, essa transição aparentemente veloz não ocorreu sem a ajuda de inúmeras pessoas, em momentos diferentes, distantes e próximos do presente, os quais fizeram tudo isso acontecer.
         E o tudo isso significa muito, tanto, que nem letras em caixa alta, nem textos (essa tentativa frustrada de uma boa escrita), podem elucidar o quanto tudo isso significa.
     
São palavras de alguém extremamente grata por todas as pessoas que me ajudaram em meu percurso acadêmico, profissional e pessoal, até o presente momento. Um paradoxal longo e curto percurso de dificuldades, limitações, mas muito trabalho, muito esforço, muito estresse e muitas tentativas de demonstrar minha gratidão por meio de gestos e simples conversas por aí.

05 outubro 2017

De volta ao futuro incerto


Há um ano eu estava escrevendo sobre o que não me define, sobre o término da faculdade que estava tão próximo e sobre minha dedicação exaurida por lá, me reconhecendo como alguém que mudou ao longo do percurso universitário. Em alguns meses depois estava eu novamente como aquele futuro incerto vivido antes de passar no vestibular. Graduação acabou. Mestrado é uma possibilidade, assim como uma vaga no mercado de trabalho era. As responsabilidades redobraram e a vida adulta te faz ser chamada de "tia" por pessoas com pouca diferença de idade. A minha roupa "de estudante" não nega minha jovialidade, mas não determina minha capacidade profissional. Agora o que não me define não são mais notas, elogios em sala ou conceitos atribuídos de acordo com diferentes tipos de avaliações, em um novo percurso o que não me define é a produtividade, a capacidade de enfrentar certos desafios diários, alguns boletos pra pagar, prazos a cumprir e  situações para adequar-me. Esse momento de transição é um tanto assustador, principalmente para quem sempre se manteve numa posição de estudante-barra-aprendiz e agora precisa estar na posição professora-barra-profissional-responsável. O medo de ser uma Rory Gilmore já pode não estar mais tão presente, mas o medo do fracasso nos novos ambientes em que me insiro, talvez sim. As mudanças chegam sempre, eu até me impressiono com elas, mas em meio a uma vida "adulta", com muitas metas ainda a cumprir, me pergunto constantemente se tudo isso vale realmente a pena e se o que não me define me fará feliz um dia. São sempre temos difíceis para os sonhadores, mas assim como Amèlie, eu às vezes acho que tenho ossos de vidro.

10 agosto 2017

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Há um universo em mim. Um mundo de cobranças, outro de amor, um planeta de crenças, outro de incertezas, existe um com seus anéis de inseguranças e mais um predominantemente sufocante, de ar densamente carregado de medo e traumas. 
Criaturas vivem em mim. Umas amigáveis, outras serelepes, algumas receosas e desconfiadas, vaidosas e corajosas, a maioria descrente no alheio. Difícil é conviver com todas esses formatos diferentes do eu. Atender expectativas sociais e manter-se fiel à "essência" sempre irá ser um desafio. Ou essas diferentes versões moldam-se ao que é esperado, ou tentam conviver com as várias facetas necessárias para a socialização. Tolher as palavras, o comportamento, as vontades, suprir com os desejos, com os impulsos, com o querer. Como não deixar destruírem-se os mundos íntimos que coabitam em mim? Como prever a felicidade ou a realização plena? Como deixar transparecer-se num mundo de sombras e clarões?

When this wild world
Is a big bad hand
Pushing on my back
Do you understand?
Moon and Moon - Bat For Lashes

06 maio 2017

Sobre a difícil missão de ser adulta


Quando eu lembro do quanto me identifiquei com Rory Gilmore no revival de Gilmore Girls, meu medo de me tornar exatamente como ela em seus 32 anos ressurge de uma forma assustadora. O fato d'eu me identificar tanto com a Rory, mesmo não tendo uma vida tão privilegiada, já é um fato preocupante. A ideia de ser alguém que acha que merece conquistas e ganhar coisas da vida apenas "porque sim" é totalmente errada, eu sei, mas ao me deparar com a personagem, percebi o quanto já fui como ela. 23 anos, uma graduação indo para o seu fim e nenhum emprego à vista. A possibilidade de cursar outra graduação já apareceu. Ideias sobre o que eu gosto de fazer, como trabalhar, onde entregar currículos e o que fazer da vida para sustentar meus pequenos gastos diários e mensais surgem em todo o momento. Nem estou sendo pressionada para sair de casa e viver as grandes responsabilidades da vida de um adulto assalariado com contas a pagar, porém, a sensação do está chegando a hora vem em todo o momento. Só de imaginar o quão difícil é sair de casa, encontrar um bom lugar para morar, pagar as contas mensais, pensar nos itens do supermercado, cuidar daquele espaço que você chamará de seu e ainda estudar, trabalhar, namorar, sair com os amigos, assistir as novas séries da Netflix, etc, já me cansa. A ideia do fracasso assusta e paralisa. Ter me esforçado tantos anos para chegar a uma determinada base que poderia me proporcionar certa segurança, mas que hoje, depois de tantas mudanças na conjuntura política do país, pode não me oferecer tanta coisa, é frustrante. Claro que culpabilizar o outro não ajuda em nada, mas pensar na política brasileira (pensar em política parece sempre "coisa de adulto", mas é necessário pra todo mundo) atual já é um ato frustante, tanto para o presente, como aluna ainda, como para o futuro, como profissional. Ao mesmo tempo que precisamos correr atrás do que queremos, pensar nessa corrida como um ato vão é deprimente. Sorte (?) que eu não consigo ficar parada e o mínimo que posso arranjar é um "não" como resposta.

A "vida de adulto" pode não ter chegado definitivamente ainda, mas a sua prévia já assusta. 

14 abril 2017

8 anos, 610 posts, 1.822 seguidores, 260 mil views

Quem nunca teve um blog e foi chamada de A garota do blog?
O blog completa nada menos que 8 anos de existência em 14 de abril de 2017. 
Eu iniciei nesse espaço para escrever sobre mim. Fatos e ocorrências do meu dia a dia que me alegravam, me entristeciam ou incomodavam. Logo percebi que não poderia escrever sobre tudo que me envolvia, mas ainda assim mantive o blog como um diário virtual, só que mais polido e consciente sobre o que ou quem escrever. Em 2012 me frustei com algumas decisões pessoais e me envolvi completamente no mundo da leitura. Na época, as parcerias com editoras estavam ainda no seu início, mas muitos blogs voltados apenas para livros ou para falar sobre as artes de entretenimento já existiam, e resolvi expandir os assuntos abordados aqui. Assim surgiu o Lado Extra, um trocadinho com o que era o segundo nome do blog Meu Outro Lado (inicialmente ele se intitulava Simplesmente Jeniffer - podem rir, eu deixo). 
Foram muitos blogs acompanhados e muitas pessoas por trás daqueles espaços que permanecem até hoje em minhas redes sociais, salvando minhas timelines com suas personalidades e histórias. 
O blog também teve alguns colunistas, pessoas inesquecíveis que ascrescentaram e muito com suas constribuições por aqui, mas ele voltou a ser um espaço solitário novamente, não por não ter dado certo com outras pessoas, mas por ele ser algo tão unicamente meu, que foi inevitável deixá-lo apenas em minhas mãos.
Eu tenho orgulho do blog e de tudo que conquistei e aprendi com ele. Uma das coisas mais gratificantes que já tive a experiência de vivenciar foram todos esses anos de textos escritos, compartilhados, ideias trocadas, novas amizades e gostos, tudo o que o Meu Outro Lado me trouxe.
Para rememorar esses anos de existência, listei alguns posts que amo recordar:

29 março 2017

Aquela palavra com 4 letras

Ela olhava-o quando ele não estava prestando atenção em mais nada fora aquilo que estava à sua frente. Olhava-o desconfiada. Feliz e amedrontada ao mesmo tempo. Em seus pensamentos era difícil compreender o motivo de estar ali, vivendo ao seu lado de forma tão simples e contente. A cada sorriso compartilhado sua mente disparava com um alarme, nos míseros segundos que se passavam ela desconfiava se merecia tudo aquilo, se tudo era real, se ele estava sendo verdadeiro com ela. Mas porque ele fingiria um amor? Por que ele aguentaria todas as crises, manias e reclamações? A troco de quê? O que ganharia enganando-a desse jeito? E como ele estava conseguindo fingir todo esse sentimento que transparecia tão bem em seus olhos? Não era nenhum cavalheiro de hollywood, mas seu olhar parecia sincero quando a fitava enquanto riam juntos de uma piada sem graça. A vida tem dessas incertezas, ela pensou. "Sou mesmo uma boba por me preocupar com fingimentos quando o vejo tão claramente na minha frente". Era ele sim. Sincero, nu das formalidades sociais, ele puro, simples e honesto. Ela não queria admitir, mas estava sempre remetendo essa desconfiança a mágoas passadas. Inevitável. Um ego fora quebrado alguns anos atrás e esse parece ser mais difícil de remendar do que um coração partido. Mas esse sempre a conduzia para a lucidez da situação, dizia para ela parar de perder tempo com as suas neuroses e a mandava viver o amor, sem desconfianças, sem amarras ao passado. Ela escutava. Verdadeiramente. E esquecia dos sentimentos torpes já vividos antes. Agora era só aquele amor. Grandioso e singelo ao mesmo tempo. Aquele que inunda o corpo e a alma e não deixa espaço pra mais nada.

01 março 2017

Tempos passados

Comentários, views, posts, novos temas, novas imagens, novos sorteios. A verdade é que tudo isso não me enche mais os olhos. Nem me dá prazer. Verdade que tento negar sempre, mas que tá tão explícita que não dá mais pra negar. De todos os assuntos no blogroll, dois ou três me interessam de verdade. A vontade de responder a cada comentário, visitar novos blogs, pensar em novos posts não existe mais. Ainda tenho meu próprio espaço para a minha escrita. Mas escrever exatamente sobre o quê? Para quem? Qual a relevância disso tudo? Perguntas bem difíceis de responder depois de anos mantendo um hobby que sempre amei e que agora não faz mais tanto sentido. Não é que eu queira menosprezar tudo que já vivi aqui, é só que não tenho mais tempo pra isso. Me tornei totalmente aquela velhinha dos 18, que não sabe mais ler os livros em voga, que não acha válido postar sobre o filme que assistiu. Na verdade, só dá tempo de assistir o filme mesmo; escrever sobre ele demandaria mais uns minutos ou horas e quando chega o momento, o tempo pra diversão se esgotou. Acho que é isso. O tempo é tão curto, só dá pra concretizar os afazeres e quem sabe, alguns lazeres. E o tempo não pode ser preenchido totalmente na frente de um computador. O tempo tem que ser vivido.

P.S: Esse foi um post escrito há um tempo atrás e mesmo a vontade de postar estando de volta, ainda reflete um pouco do que eu sinto sobre o blog. Diferente do escrito acima, eu tenho vontade sim de escrever nele, mas parece que os assuntos me fogem às vezes ou penso que não interessam mais aos leitores. Sigo persistindo nesse espaço, que, não canso de dizer, é só meu e espero não desistir definitivamente dele tão cedo.

P.S 2: O blog completa 600 posts publicados com esse!

23 fevereiro 2017

23


Aos 5 eu queria ser empresária, dona do meu próprio negócio. Não conhecia toda minha família e chorava com a possibilidade de me afastar das pessoas que amo.
Aos 10 eu brincava de ser professora com meus livros didáticos e cadernos rabiscados. Tive minha primeira paixão na escola e decidi não frequentar mais a igreja.
Aos 15 eu me apaixonei por Moda e a ideia de desenhar. Vivenciei minha primeira desilusão amorosa e decepcionei pessoas importantes.
Aos 17 eu queria ser arquiteta e decorar casas. Foquei nos estudos para o vestibular e deixei a diversão de lado.
Aos 18 eu me desiludi com a universidade e foquei nas leituras que me entretinham. Me aproximei de pessoas e conheci aquele que faz meus olhos brilharem toda vez que o vejo.
Aos 19 eu me apaixonei pela ideia de estudar sobre Literatura. Sofri ao cursar duas áreas totalmente diferentes, mas mantive o apoio de pessoas que sempre estão ao meu lado.
Aos 23 eu estou prestes a me formar em Letras e nunca imaginei o quão feliz sou pelas mudanças em minhas escolhas. Acadêmicas e pessoais.
Eu não viajei para vários lugares, não escrevi (ainda) meu primeiro livro, não consegui meu primeiro emprego de carteira assinada, não morei fora de casa, não fiquei famosa com meu blog, não li mais de 300 livros, não aprendi a andar de bicicleta nem a nadar, não tirei carteira de motorista, não fiz muita coisa que planejei ao longo de todos esses anos e o sentimento de frustração surge de vez em quando, sabe? Mas ele logo passa. Ele se transforma em um sentimento de gratidão por todas as experiências que eu vivi e ainda tenho o prazer de vivenciar por conta de pessoas, de livros, de filmes, de músicas, de pequenas vitórias diárias, pequenos prazeres e desejos realizados todos os dias. Mesmo parecendo muito clichê, eu não conseguiria chegar ao meu aniversário pensando em tudo que eu não concretizei. É simplesmente errado.

05 outubro 2016

Sobre faculdade, notas e o que te define


Muitas pessoas reconhecem a dedicação que eu tenho na faculdade. Minhas notas, no geral, são boas; minha presença é quase sempre certa, meus trabalhos são feitos bem antes dos prazos finais, meus estudos estão entre as minhas prioridades e meu desgaste físico e mental é constante. Chego a ser a chata que quer tudo da melhor forma possível. A que sempre lembra dos trabalhos. A que informa todo mundo sobre o que tem que fazer. A que quase sempre está engajada em algo que está acontecendo por lá, etc.
Faculdade acabou me definindo. Como estudante e como pessoa. Mas eu entrei detestando todas as condições em fazer uma faculdade pública, por toda a falta de estrutura dela, em cursar numa área desvalorizada por muitos, e minha, por seguir todos os dias para o outro lado da cidade, com abatimento físico e mental constante. Mas eu entrei nessa sabendo que era minha única chance de sair de onde estava para um lugar melhor. E encontrei um espaço lá dentro que me acolheu e que me dá prazer em fazer parte. 
Porém, eu tive meus defeitos, sabe? Eu jugava sempre aqueles que tem uma estrutura maravilhosa para os estudos, que não precisam se focar em outras coisas além de sentar na cadeira e estudar. Mas fui julgada também por outros. E nessa troca de críticas, fui descobrindo vivências e histórias que nunca iria saber se não saísse do meu casulo de estudante-dedicada-tentando-ser-perfeita-em-tudo. Faculdade não te define. Teus conceitos não te definem. É apenas uma parte da sua vida, pessoal e profissional. Eu acredito nisso e gosto de saber disso, porque se agarrar apenas no pensamento de que teu desempenho como estudante é primordial na sua vida, é ter muitas frustrações ao longo de uma graduação, de um mestrado ou doutorado. Nossa trajetória pessoal e profissional não é definida apenas por isso, nem nunca vai ser. *thanks God*
Mas para algumas pessoas ela é a única saída para sair do marco zero e é nisso que me agarro. Com todas as forças, de todas as formas possíveis. Eu tenho exemplos de que, pessoas no mesmo estado financeiro que o meu, não tiveram grandes oportunidades, e eu sei que esse destino seria o meu se não me empenhasse ao máximo nesse caminho que escolhi. Não quero nem pretendo mais julgar aqueles que não são como eu em seus "desempenhos acadêmicos". Seria muito estúpido, e mesquinho me definir e criticar os outros por isso. Tenho muitas críticas à universidade, mas ela se tornou uma grande oportunidade pra mim, que, mesmo com todos os privilégios de ter uma família, amigos e parentes maravilhosos, ainda assim, não viu/vê grandes oportunidades fora dela.

P.S: Tá quase acabando.
P.S2: Além de me encontrar no curso que escolhi, encontrei pessoas maravilhosas e mudei pensamentos, mudei personalidade, mudei conceitos pré-concebidos e tá sendo lindo perceber tudo isso em quem eu sou hoje.

17 setembro 2016

Das projeções no meio da noite


Pesadelos constantes refletem traumas do passado. Desconfiança, medo, desejos reprimidos, sonhos não realizados, dúvidas. Alguns sonhos são o reflexo de tudo o que guardo numa caixa dentro de mim. Não é fácil enfrentar tudo isso em projeções quase reais diante dos seus olhos. Não é fácil nem imaginar como seria vivenciar certas situações novamente. O coração é frágil, sempre foi, mas será que eu conseguiria superar tudo de novo da mesma forma? Não gosto de me questionar sobre isso. Dói. O coração aperta. As lágrimas ressurgem. O amargo na boca volta. Desconfiamos dos dias felizes pela possível vinda de dias tristes. É sempre assim. Mas disfarçamos a suspeita com sorrisos bobos e filmes de finais felizes.

13 julho 2016

Sobre trabalho de conclusão de curso



Escrever uma trabalho de conclusão de curso é assustador. Amedrontador. Apavorante. Mas principalmente trabalhoso. É uma tarefa árdua, intensa e cansativa. É preciso encontrar seu cantinho especial para as leituras e o exercício da escrita. O local ideal para a concentração e a inspiração fluir. Pode ser mais de um lugar, pode ser nenhum, a obrigação de escrever pode exigir de você que mesmo sem um lugar ideal, consigas fluir na escrita. E os temidos comentários sobre o TCC sempre surgem. "Como tá indo?" "Escrevendo muito?" "Já sabe o título?" "Ah, TCC é fácil, escrevi o meu tão rápido" "Não entendo toda essa preocupação com TCC, foi tão tranquilo pra mim". Todo mundo tem uma opinião sobre isso e acredite, vão fazer questão de expôr isso perto de você. O jeito é respirar fundo, expirar e respirar fundo de novo. Alguma procrastinação sempre surge. Tem horas que realmente não dá pra pensar no trabalho. É tempo demais pra ficar obcecado por esse assunto. Pior do que a obsessão pelo crush, é a ansiedade que esse trabalho nos causa. Só depende de você. Com a paixão platônica ainda existe esperanças dele tomar atitude e tudo mudar repentinamente. Com o TCC não. Se você não senta seu traseiro em frente ao computador e escreve, ele não vai se escrever sozinho. Okay, é preciso manter calma nessa hora. Sem traumas. Logo tudo isso virará um sorriso no rosto, com um orgulho no peito e lágrimas nos olhos.

04 julho 2016

Sobre dias produtivos


Em dias produtivos a gente acorda cedo. Mesmo com sono, acordo cedo e bem disposta. Vou correndo tomar meu café enquanto as ideias e a lista de afazeres está fervilhando na cabeça. Primeiro, as mais urgentes ou mais difíceis de cumprir. Depois, as medianas e por fim, as mais fáceis ou menos urgentes. Termino trabalhos, realizo leituras necessárias, talvez até adianto algumas. Ao final do dia tenho meus deveres cumpridos, ou pelo menos a maior parte e a satisfação de tê-los riscados da minha lista imaginária é tremenda. Nem sempre é assim, claro. Tem dias que é mais produtivo ficar na cama assistindo mil seriados ou fazendo maratona de um do que tentar estudar ou fazer alguma coisa mais "significativa". Sim, porque tudo é significativo à sua maneira. Assistir um besteirol hollywoodiano num sábado às vezes é bem significativo depois de uma semana intensa e cansativa. Ler qualquer coisa que não seja 'obrigatória' ao seus estudos em uma tarde também. Maratonar aquela nova série que surgiu na Netflix também pode ser tão importante quanto uma tarde de estudos. Porque nem sempre damos conta de estudar, pensar ou realizar todas as nossas obrigações, em todos os dias da semana, sem enlouquecer um pouquinho. Às vezesassistir uns vídeos engraçados no YouTube é bem mais produtivo do que bater cabeça com aquele texto da próxima aula, e se a leitura for mais produtiva em outro momento, melhor ainda. Por que não deixar pra depois *não para um futuro muito distante, claro* e fazer o seu melhor quando você estiver realmente pronta pra isso?! Eu acredito nisso. Na verdade, eu funciono dessa forma e por isso penso assim. Talvez outras pessoas realmente não acreditem nisso, mas dias produtivos sempre serão diferentes pra mim. Alguns serão sobre trabalhos e deveres feitos; outros serão sobre séries, filmes ou horas sem nada pra fazer, apenas para espairecer a mente e deixar ela mais tranquila. Talvez seja pelo corte de cabelo que deixou a cabeça ~literalmente~ mais leve, talvez seja pelo final de semana tranquilo, relaxante e produtivo, mas o espírito aqui está bem à toa. E escrito numa segunda-feira, esse é um texto bem raro de se encontrar por aí.

19 junho 2016

Pequenas neuroses diárias

É sempre difícil saber quando estou certa ou quando estou errada, ou quando apenas estou sendo afetada por sentimentos ruins e neuroses desnecessárias. Cresci com a ideia de que atos são mais significativos que palavras e sendo alguém detalhista, os pequenos atos, ou a falta deles, irão sempre me incomodar. Tentei, por um bom tempo, uma nova linha de pensamento, em que a ideia principal seria não se deixar afetar por pequenos gestos ou poucas palavras, e venho falhando desde então. No fundo, sempre irá ter aquela pedrinha no sapato machucando algum sentimento meu, seja ele orgulho ou afeto. Qual solução deveria tomar então, já que o mundo não é perfeito e praticamente tudo que há nele não irá ser do meu jeito, como eu planejo ou idealizo que seja?! Bem, eu decido deixar de lado tudo o que for preocupação exagerada (ainda sei discernir das que realmente importam) e assim vou tentando viver da melhor maneira possível, sem neuroses, sem ansiedade e com autocontrole. Ou pelo menos é isso que tento pensar em todo o momento que me decepciono com alguma besteira que alguém tenha feito/falado e que tenha me magoado.

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