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07 fevereiro 2025

Ser tudo, ser nada. Nonada.

Western Motel, Edward Hopper, 1957

Cresci achando que não seria nada. Um ninguém. Mais um registro de nascimento e morte em meio a tantos outros, de atuações limitantes, de vidas restringidas, de caminhos limitados. Cresci aprendendo que meu corpo era errado, minha voz era fina demais, meu modo de expressar estaria sujeito a más interpretações, meu pensar era pecado, e minha história, nada singular. Queria ser princesa descoberta, grande escritora de um jornal importante, reconhecida professora em minha área, ou uma excelente estilista prestigiada em inúmeras passarelas. Acho que nunca deixei de sonhar alto, mesmo com as podas ao longo do caminho, metaforizadas em gente, discursos, vozes e portas fechadas. Gosto de saber que, mesmo com todos os empecilhos, contintei tentando ser mais do que deveria. E no meio desse caminho ainda não finalizado, talvez tenha incomodado 'alguéns'. Mas o certo é que gosto de ser muito nos meus fazeres: faço um pouco de tudo pra fugir do destino de ser nada.

16 maio 2020

Um texto autodepreciativo


Eu acho que o melhor a se fazer, muitas das vezes, é admitir que eu sou ridícula. É isso mesmo, sem autopiedade nem falsa modéstia. Eu pensei que aquele discurso da Rafa Kalimann fosse perfeito pra dizer àquela guria que eu não suporto, mas na verdade ele é perfeito pra mim. Alguém poderia me jogar as mesmas afirmações e eu deveria aceitar. Tem dias (e noites) que eu só consigo pensar no quanto eu devo aparentar uma ridicularidade sem fim. Seja fingindo que tá tudo bem, seja fingindo que sei das coisas ou que tô fazendo algo realmente importante. O caso é que eu paraliso por coisas tão pequenas, tão mesquinhas, e me deixo levar por pensamentos tão errados, que só posso concluir que não sou nada disso do que eu mesma resolvi demonstrar. As pessoas não sabem as pesquisas feitas no Google gravadas no meu celular, entende? Ninguém poderia defender os pensamentos sórdidos e odiosos que eu já emiti sobre certas pessoas, nem o quanto já esbravejei na minha cabeça uma lista infinita de palavrões quando algo deu errado ou não saiu como esperado. Além de ser ridícula, sou patética. E pequena. E talvez meio burra. Meio incoerente e algumas vezes falsa. Se puxarem no meu histórico de vida todas as vezes que eu me contradisse, haja papel! Eu sei lá. Tem dias que é difícil se amar. Se sentir importante. Ou mesmo se sentir uma gostosa.
Às vezes eu só queria ser uma gostosa.

Tem dias que é mais difícil acreditar em si mesma, mas essa escrita é mais pra externar algo do que afirmar que sou realmente isso. A gente precisa entrar em contato com certas coisas que falamos de nós mesmos pra ressignificar e não concordar, refutar e até negar. Eu não sou o que eu penso de mim mesma, nem o que dizem sobre mim. Eu sou "um não sei quê, que nasce não sei onde" e que vive em constante aprendizagem. Só isso.

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