Mostrando postagens com marcador Breno Torres. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Breno Torres. Mostrar todas as postagens
11 julho 2013

Resenha - Bruxos e Bruxas



 Nome: Bruxos e Bruxas;
 Nome original: Witch & Wizard;
 Autor(a): James Patterson e Gabrielle Charbonnet;
 Editora: Novo Conceito;
 Onde comprarConfira preços;
SinopseNo meio da noite, os irmãos Allgood, Whit e Wisty, foram arrancados de sua casa, acusados de bruxaria e jogados em uma prisão. Milhares de outros jovens como eles também foram sequestrados, acusados e presos. Outros tantos estão desaparecidos. O destino destes jovens é desconhecido, mas assim é o mundo sob o regime da Nova Ordem, um governo opressor que acredita que todos os menores de dezoito anos são naturalmente suspeitos de conspiração. E o pior ainda está por vir, porque O Único Que É O Único não poupará esforços para acabar com a vida e a liberdade, com os livros e a música, com a arte e a magia, nem para extirpar tudo que tenha a ver com a vida de um adolescente normal. Caberá aos irmãos, Whit e Wisty, lutar contra esta terrível realidade que não está nada longe de nós.


Eu não posso negar que fiquei absurdamente interessado nesse livro quando o vi na página de lançamentos da Novo Conceito. Pessoalmente, sou um fã retardado de literatura fantástica: desde os primórdios, desde que a tia Jô* me inundou com seu universo maravilhoso de bruxos, criaturas, feitiços e magia, eu me declarei fã profundo deste tipo de literatura, e, é claro, passei a ler muitos livros sobre o assunto desde então. Dos mais simples aos mais pesados: enredos que envolvem fantasia me fascinam. E foi isso que aconteceu com Bruxos e Bruxas – até porque, convenhamos, não tem como não se apaixonar por aquela sinopse e toda aquela divulgação que foi feita sobre o livro.

Além disso, ainda teve o lance do autor. James Patterson! (Aqui a galera vibra e faz uma ôla) O cara ganhou como Autor do Ano pela Forbes – por voto popular – em 2010, e de muitas bocas eu havia ouvido que ele era um dos melhores escritores de ficção da atualidade. Isso tudo sem nem falar da capa do livro, né, que, sinceramente, é uma das mais bem trabalhadas que já vi.

Ou seja: cerveja. Eu precisava do livro. Ele chegou numa caixa estonteante de tão fofa, junto a uma cadernetinha e uma baqueta (que logo descobrimos que se trata de uma varinha – mas que é, sim, uma baqueta). Ah, e um marca-páginas personalizados muito dos fofos também.

Mas eu descobri que uma campanha de marketing gigante, um nome de escritor renomado na capa e brindes gentis não fazem um livro ser bom. A verdade é que Bruxos e Bruxas foi meio decepcionante para mim, como admirador de literatura fantástica e distopias.

Bruxos e Bruxas fala de dois irmãos – Whit e Wisty – que vivem um caos em suas vidas após acordarem no meio da noite e descobrirem que os governantes do mundo onde vivem estão caçando qualquer um que possa ter ligação com magia e bruxaria (principalmente as crianças e os adolescentes, as principais “ameaças” para A Ordem: o governo ditatorial e repressor, que é contra qualquer forma de expressão e visão de mundo que não seja a que consideram correta). Para a extrema má sorte destes irmãos, eles não apenas fazem parte do principal grupo alvo como também são bruxos. Após terem a casa invadida e serem levados para longe de tudo que lhes era comum e normal, uma jornada eletrizante de fuga, autodescoberta e luta contra toda uma estrutura opressora social, política e ideológica começa, obrigando-os a escolher lados, fazer decisões e amadurecer – tanto como pessoas quanto como bruxos. Já que encabeçam a revolução que pode salvar as pessoas que amam e aqueles a quem são semelhantes.

O grande fato sobre esse livro é simples: ele tem um enredo que não coube na escrita. Pessoalmente – e deixando claro que é para mim, já que sei que existem pessoas que discordam (e isso é perfeitamente natural) –, minha grande crítica contra este livro é que poderia ser muito mais bem explorado no mistério, no desenrolar geral do enredo, na percepção sobre a estrutura política distópica proposta e até mesmo na profundidade dos personagens – tanto os protagonistas e os antagonistas quanto os secundários – se houvesse sido escrito em terceira pessoa. Absolutamente nada, nada contra livros em primeira pessoa. Alguns dos meus livros do coração e que eu nunca deixaria sair da minha estante foram escritos desta forma, e cada um foi brilhante em seu modo de expressão – mas justamente porque o enredo pediu e, principalmente, permitiu que existissem desta forma. Não é qualquer enredo que serve para ser escrito em primeira pessoa, principalmente aqueles que possuem ideias gigantescas propostas para serem desenroladas e darem veracidade e vida à história – e este é o tipo de livro que Bruxos e Bruxas é. Um livro com coisa demais para serem deliciosamente bem explicadas, mas que foi castrado por estar sempre no campo de visão de dois adolescentes meio mimados e eufóricos perante seus caminhos.

Aliás, isso foi outra coisa que me incomodou um pouco: a euforia. A rapidez desnecessária. Não sei se é por eu estar acostumado com livros de capítulos gigantescos e bastante detalhados e profundos (talvez não, já que já li muitos outros livros bem mais simples e nem assim os desgostei), mas eu, sinceramente, achei a história rápida demais. Corrida demais. Nenhum capítulo tem mais que três páginas. Isso talvez seja algo muito legal para quem curte histórias com ritmos hiper-ultra-mega-dinâmicos; para quem gosta de ter a sensação de que o livro está passando rápido. Mas eu, sinceramente, gosto de degustar um bom universo literário de um livro. E Bruxos e Bruxas, com sua linguagem comercial adolescente pseudoacidulante e sua superficialidade, não me satisfez nesse ponto.

O que não quer dizer que o livro não contenha, também, coisas boas. A ideia, por exemplo, de que crianças e jovens estão, por serem considerados subversivos marginais sem motivo algum pelas autoridades, se tornando mais maduros do que o comum pela necessidade de sobrevivência e solidariedade é muito interessante e bem colocada. O ideário de valorização do jovem e a ideia de transformá-lo no elemento inteligente e heroico, em detrimento dos cegos e ofensivos adultos, também é um ponto de releitura maravilhoso (o melhor do livro, na verdade, já que nem a releitura de bruxos para mim foi lá tudo isso). Além de que a química entre os protagonistas, os irmãos Allgood, é perfeita – coisa que é imprescindível numa história que visa sucesso.

Resenha é uma opinião pessoal; uma análise feita através das próprias preferências e bagagem de mundo. Portanto, não deixe passar Bruxos e Bruxas sem antes lê-lo e tirar suas próprias conclusões. As minhas, como nota-se, não foram tão positivas assim; de um a dez, eu daria ao livro de James Patterson e Gabrielle Charbonnet nota quatro e meio. Espero que os próximos livros não sejam tão comerciais como este, e que o autor, por favor, tenha caído em si e percebido que seu rico enredo merece ser melhor destrinchado. Isso faria todos nós bem mais felizes – afinal: um pouco mais de história e conteúdo nunca fez mal a ninguém.




* Tia Jô: J. K. Rowling (intimidade que Potterheads tiram com sua escritora diva; ignorem).

25 junho 2013

Resenha - Um Gato de Rua Chamado Bob


Nome: Um Gato de Rua Chamado Bob;
Nome original: A Street Cat Named Bob;
Autor(a): James Bowen;
Editora: Novo Conceito;
Onde comprarConfira preços;
SinopseQuando James Bowen encontrou um gato ferido, enrolado no corredor de seu alojamento, ele não tinha ideia do quanto sua vida estava prestes a mudar. Bowen vivia nas ruas de Londres, lutando contra a dependência química de heroína, e a última coisa de que ele precisava era de um animal de estimação. No entanto, ele ajudou aquele inteligente gato de rua, a quem batizou de Bob (porque tinha acabado de assistir a Twin Peaks).
Depois de cuidar do gatinho e trazer-lhe a saúde de volta, James Bowen mandou-o embora imaginando que nunca mais o veria. Mas Bob tinha outras ideias. Logo os dois tornaram-se inseparáveis, e suas aventuras divertidas — e, algumas vezes, perigosas — iriam transformar suas vidas e curar, lentamente, as cicatrizes que cada um dos dois trazia de seus passados conturbados.
Um Gato de Rua Chamado Bob é uma história comovente e edificante que toca o coração de quem a lê.

Uma coisa que posso começar dizendo com toda a certeza sobre Um Gato de Rua Chamado Bob: quem gosta de animais – principalmente dos queridíssimos bichanos gatinhos – está suscetível às lágrimas logo nas vinte primeiras páginas.

Ou será que só eu sou um manteiga derretida com gatinhos?

Não sei se a Jeniffer Yara sabia disso quando anunciou que iria me dar o livro para ler e resenha-lo. Acho que ela percebeu essa minha paixão por gatinhos (e, sim, necessariamente com o diminutivo “inhos” para deixar ainda mais claro o quão sou louco por eles) assim que me contou, numa segunda ou terça-feira, que havia solicitado de cortesia o livro de James Bowen da Novo Conceito. Provavelmente ela deve ter percebido meus olhos brilhando, apaixonados, enquanto se passava em minha mente um gatinho cor de laranja lindo que havia visto uma vez numa reportagem do Jornal Nacional. Aliás, não provavelmente – com certeza ela percebeu, já que, alguns minutos depois, se virou para mim e perguntou casualmente:

- Você quer o livro pra ler e resenhar, Breno? Eu não vou ter tempo de lê-lo mesmo...

Preciso dizer que quase a matei sufocada num abraço de urso depois disso?

Uma semana depois, eu vim descobrir a história de Bob. Ou melhor – a história de James Bowen: um homem que, desgostoso com a vida, achou um laranjinha escondido, mal cuidado e abandonado, num canto escuro do andar térreo do prédio onde morava. Ao aproximar-se deste gatinho e perceber a personalidade e coragem que havia em seus olhos – coisas que seriam a catapulta e lenha para as diversas vitórias que ambos conseguiriam num fiel futuro que construiriam juntos –, James mal poderia imaginar que, muito logo, aquele pequeno felino acabaria seguindo (literalmente) seus passos – e fazendo mais que isso: dando-lhe forças para ultrapassar as barreiras, iniciar as batalhas e fazê-lo reviver o fôlego pela vida o qual há muito havia perdido. Se é que, um dia, este londrino já o houvesse vivido.

 O que eu vou dizer é bem clichê de resenhas, mas não há como não usar aqui: eu não conseguiria descrever nunca o quanto que Um Gato de Rua Chamado Bob me apaixonou. Gosto muito, muito de livros sinceros e verdadeiros, e este é um deles. É um livro que fala sobre o modo com que um gato e um humano ganham gradativamente lealdade e constroem a amizade que os levaria a conquistas muito mais importantes do que qualquer um de nós poderia imaginar – para ser claro, um (só um dos inúmeros) exemplo: a recuperação química do vício de James Bowen em drogas.

Apesar de ser forte em vários ângulos, como nas ferrenhas críticas que sutilmente lhe compõem – críticas contra os maus tratos contra animais; contra os preconceitos contra usuários de drogas; contra os preconceitos contra artistas e trabalhadores de rua (“invisível”, é como Bowen se diz ser quando, só, tenta ganhar sua vida nas calçadas) –, é um livro muito tranquilo. Que relaxa com o passar das páginas. É apaixonante a forma calma e sensata com que a narração nos embala para os diversos e lineares pontos da história de Bowen – história a qual, muito mais de uma vez, me fez lagrimar e chorar. As memórias deste homem, repletas de maus bocados e dores de uma criança maltratada e humilhada que foi, são contadas com honestidade e humildade, coisas as quais me fizeram admirar esse homem profundamente. Pessoalmente, cheguei às lágrimas copiosamente depois de uma das primeiras vezes que James cita sua infância, adolescência e início de maturidade: a forma com que esse homem aborda todos os caminhos tortuosos e estágios que o levaram a um vício destrutivo e dilacerante é devastadora – mas emocionante, já que houve a superação. E, eu não sei meu caro leitor, mas eu não consigo não me emocionar e impedir meus olhos de brilhar quando leio ou vejo algo sobre um simples ser humano que superou mais do que suas costas poderiam aguentar.

E principalmente: superou com a ajuda do que muita gente despreza, maltrata e repugna. Um simples gatinho.

Aliás, Bob, como já foi dito, é o grande divisor de águas na trajetória de Bowen. Bob é um ser muito inteligente, e imaginá-lo fazendo todas as fofices e estando nas situações que só um amante de gatos como James Bowen pode explicar é maravilhoso – e um ótimo remédio contra o cansaço e mau humor, se me permitem indicar (80% do livro eu li nas duas horas que passo indo e vindo da faculdade, no ônibus, então, acreditem, eu sei do que estou falando). Cativante, a forma com que é retratada a humanização de um homem na visão das pessoas por vê-lo com um animal nos desperta muitos questionamentos. É também curiosa a forma com que James tenta, através de trejeitos, ações e reações de Bob, desvendar de onde ele viera, seu percurso, sua história – além de que a intensidade da existência de Bob na vida de Bowen chega a impressionar e, principalmente, a nos emocionar. E muitas e muitas outras coisas que eu poderia falar sobre Bob, James e suas aventuras e desventuras, mas que fariam essa resenha ter mais de duas páginas de Word – e, consequência óbvia e inevitável, minha carta de demissão enviada cordialmente pela Jeniffer Yara numa tarde monótona e depressiva de domingo*.

Gosto de definir uma palavra para cada livro, uma palavra que resuma o que mais aquela obra me causou, e acho que tenho a palavra para Um Gato de Rua Chamado Bob: cativante. O relato de o quanto que uma verdadeira amizade pode resgatar a esperança e a essência até do mais descrente dos homens e mais perdido dos animais é digna de aplausos. Um Gato de Rua Chamado Bob só é contraindicado para aqueles que não gostam de animais, de se emocionar e de ler uma linda história de resgate de vidas – mas, para o resto (onde, com muito orgulho, me incluo!), é um dever lê-lo. Lê-lo, partilhá-lo e guarda-lo num lugar importante da estante e do coração.

E chega de deixar esse negócio cada vez maior, ou vou mesmo ser demitido.



* Isso é só brincadeira, gente. Por favor. x_x

© Palavra oblíqua – Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in