Nome original: Witch & Wizard;Autor(a): James Patterson e Gabrielle Charbonnet;Editora: Novo Conceito;Onde comprar: Confira preços;Sinopse: No meio da noite, os irmãos Allgood, Whit e Wisty, foram arrancados de sua casa, acusados de bruxaria e jogados em uma prisão. Milhares de outros jovens como eles também foram sequestrados, acusados e presos. Outros tantos estão desaparecidos. O destino destes jovens é desconhecido, mas assim é o mundo sob o regime da Nova Ordem, um governo opressor que acredita que todos os menores de dezoito anos são naturalmente suspeitos de conspiração. E o pior ainda está por vir, porque O Único Que É O Único não poupará esforços para acabar com a vida e a liberdade, com os livros e a música, com a arte e a magia, nem para extirpar tudo que tenha a ver com a vida de um adolescente normal. Caberá aos irmãos, Whit e Wisty, lutar contra esta terrível realidade que não está nada longe de nós.
Eu não
posso negar que fiquei absurdamente interessado nesse livro quando o vi na
página de lançamentos da Novo Conceito.
Pessoalmente, sou um fã retardado de literatura fantástica: desde os
primórdios, desde que a tia Jô* me
inundou com seu universo maravilhoso de bruxos, criaturas, feitiços e magia, eu
me declarei fã profundo deste tipo de literatura, e, é claro, passei a ler
muitos livros sobre o assunto desde então. Dos mais simples aos mais pesados: enredos
que envolvem fantasia me fascinam. E foi isso que aconteceu com Bruxos e Bruxas – até porque,
convenhamos, não tem como não se apaixonar por aquela sinopse e toda aquela
divulgação que foi feita sobre o livro.
Além
disso, ainda teve o lance do autor. James Patterson! (Aqui a galera vibra e faz
uma ôla) O cara ganhou como Autor do Ano pela Forbes – por voto popular –
em 2010, e de muitas bocas eu havia ouvido que ele era um dos melhores
escritores de ficção da atualidade. Isso tudo sem nem falar da capa do livro,
né, que, sinceramente, é uma das mais bem trabalhadas que já vi.
Ou
seja: cerveja. Eu precisava do livro.
Ele chegou numa caixa estonteante de tão fofa, junto a uma cadernetinha e uma
baqueta (que logo descobrimos que se trata de uma varinha – mas que é, sim, uma
baqueta). Ah, e um marca-páginas
personalizados muito dos fofos também.
Mas eu
descobri que uma campanha de marketing gigante, um nome de escritor renomado na
capa e brindes gentis não fazem um livro ser bom. A verdade é que Bruxos e Bruxas foi meio decepcionante
para mim, como admirador de literatura fantástica e distopias.
Bruxos e Bruxas fala
de dois irmãos – Whit e Wisty – que vivem um caos em suas vidas após acordarem
no meio da noite e descobrirem que os governantes do mundo onde vivem estão
caçando qualquer um que possa ter ligação com magia e bruxaria (principalmente
as crianças e os adolescentes, as principais “ameaças” para A Ordem: o governo
ditatorial e repressor, que é contra qualquer forma de expressão e visão de
mundo que não seja a que consideram correta). Para a extrema má sorte destes
irmãos, eles não apenas fazem parte do principal grupo alvo como também são bruxos. Após terem a casa invadida e
serem levados para longe de tudo que lhes era comum e normal, uma jornada
eletrizante de fuga, autodescoberta e luta contra toda uma estrutura opressora
social, política e ideológica começa, obrigando-os a escolher lados, fazer
decisões e amadurecer – tanto como pessoas quanto como bruxos. Já que encabeçam
a revolução que pode salvar as pessoas que amam e aqueles a quem são
semelhantes.
O
grande fato sobre esse livro é simples: ele tem um enredo que não coube na
escrita. Pessoalmente – e deixando claro que é para mim, já que sei que existem pessoas que discordam (e isso é
perfeitamente natural) –, minha grande crítica contra este livro é que poderia
ser muito mais bem explorado no mistério, no desenrolar geral do enredo, na percepção
sobre a estrutura política distópica proposta e até mesmo na profundidade dos
personagens – tanto os protagonistas e os antagonistas quanto os secundários –
se houvesse sido escrito em terceira
pessoa. Absolutamente nada, nada contra livros em primeira pessoa. Alguns
dos meus livros do coração e que eu nunca deixaria sair da minha estante foram
escritos desta forma, e cada um foi brilhante em seu modo de expressão – mas
justamente porque o enredo pediu e, principalmente, permitiu que existissem desta forma. Não é qualquer enredo que
serve para ser escrito em primeira pessoa, principalmente aqueles que possuem
ideias gigantescas propostas para serem desenroladas e darem veracidade e vida
à história – e este é o tipo de livro que Bruxos
e Bruxas é. Um livro com coisa demais para serem deliciosamente bem
explicadas, mas que foi castrado por estar sempre no campo de visão de dois
adolescentes meio mimados e eufóricos perante seus caminhos.
Aliás,
isso foi outra coisa que me incomodou um pouco: a euforia. A rapidez
desnecessária. Não sei se é por eu estar acostumado com livros de capítulos
gigantescos e bastante detalhados e profundos (talvez não, já que já li muitos
outros livros bem mais simples e nem assim os desgostei), mas eu, sinceramente,
achei a história rápida demais. Corrida demais. Nenhum capítulo tem mais que três páginas. Isso talvez seja algo
muito legal para quem curte histórias com ritmos hiper-ultra-mega-dinâmicos;
para quem gosta de ter a sensação de que o livro está passando rápido. Mas eu,
sinceramente, gosto de degustar um bom universo literário de um livro. E Bruxos e Bruxas, com sua linguagem
comercial adolescente pseudoacidulante e sua superficialidade, não me satisfez
nesse ponto.
O que
não quer dizer que o livro não contenha, também, coisas boas. A ideia, por
exemplo, de que crianças e jovens estão, por serem considerados subversivos
marginais sem motivo algum pelas autoridades, se tornando mais maduros do que o
comum pela necessidade de sobrevivência e solidariedade é muito interessante e
bem colocada. O ideário de valorização do jovem e a ideia de transformá-lo no
elemento inteligente e heroico, em detrimento dos cegos e ofensivos adultos, também
é um ponto de releitura maravilhoso (o melhor do livro, na verdade, já que nem
a releitura de bruxos para mim foi lá tudo isso). Além de que a química entre
os protagonistas, os irmãos Allgood, é perfeita – coisa que é imprescindível
numa história que visa sucesso.
Resenha
é uma opinião pessoal; uma análise feita através das próprias preferências e
bagagem de mundo. Portanto, não deixe passar Bruxos e Bruxas sem antes lê-lo e tirar suas próprias conclusões.
As minhas, como nota-se, não foram tão positivas assim; de um a dez, eu daria
ao livro de James Patterson e Gabrielle Charbonnet nota quatro e meio. Espero
que os próximos livros não sejam tão comerciais como este, e que o autor, por favor, tenha caído em si e percebido
que seu rico enredo merece ser melhor destrinchado. Isso faria todos nós bem
mais felizes – afinal: um pouco mais de história e conteúdo nunca fez mal a
ninguém.
* Tia Jô: J. K. Rowling
(intimidade que Potterheads tiram com
sua escritora diva; ignorem).


