Título: O Santo Inquérito
Autor (a): Dias Gomes
Editora: Bertrand
Sinopse: Uma mensagem de bondade, de generosidade, de lealdade e de respeito humano O santo inquérito conta a história de Branca Dias, cristã nova e ingênua, filha de Simão Dias e noiva de Augusto Coutinho, que foi vítima de perseguição após cometer um ato que, aos seus olhos, julgava ser de extrema bondade: salvar de um afogamento o padre da cidade. Esta é uma das grandes peças brasileiras modernas, por suas intenções artísticas e por suas preocupações sociais. Baseando-se num episódio histórico – ou lendário, como o de Branca Dias, vítima da Inquisição que alguns estudiosos veem como uma espécie de Joana D’Arc cabocla –, Dias Gomes afasta, de imediato, as fáceis, espetaculares e vistosas pompas que um escritor romântico traria para o palco. O que lhe importa é o conflito entre a pureza da personagem, a sua boa-fé, a sua sinceridade, e aqueles que deturpam seu comportamento, enxergando-o como uma ameaça à ordem e ao sistema de ideias estabelecidos. • O santo inquérito é outra manifestação do criativo talento do mestre do teatro que é Dias Gomes, de quem o público já conhece as aclamadas peças O Bem-Amado, Campeões do mundo e O pagador de promessas. • Dias Gomes foi um dos mais prestigiados dramaturgos e autores de telenovelas brasileiros do século XX e foi eleito para a Cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras em 1991.
O terceiro livro lido, por mim, de Dias Gomes, novamente me surpreendeu pela sagacidade crítica do autor em temas tão complexos, polêmicos, mas tão atuais pertencente à sociedade. O Santo Inquérito trata de uma peça baseada em um episódio histórico (ou lendário) de Branca, a Joana D'Arc brasileira, levada à fogueira pela Santa Inquisição.
Assim como em Pagador de Promessas, outro grande sucesso do autor, a crítica à Igreja Católica nessa presente peça é evidente. Branca Dias é uma jovem noiva, que vê Deus em tudo, na natureza, nas alegrias da vida, nas conversas, no amor. Noiva de Augusto Coutinho, filha de Simão Dias, vive uma vida em paz e comunhão com Deus, porém, em um encontro com Padre José Bernardo, ao salvá-lo de um afogamento no rio em que costumava banhar-se nas noites quentes, todo o seu comportamento é considerado lascivo e herege, confundido com os pecados que a Igreja condenava, a partir da visão do padre que, declaradamente (pelo menos aos leitores da obra), nutria sentimentos por Branca.
Os diálogos são muito bem escritos, a ingenuidade e inocência de Branca é patente, ao lado das falas más intencionadas do padre, que busca, em uma declaração ou comportamento pequeno condenar a moça por sua própria paixão, condenando-o a um sentimento proibido e ao pecado vivido, nem que fosse apenas por seus pensamentos.
O enredo aborda, ainda, a questão da perseguição sofrida pelos cristãos-novos, a polêmica da Bíblia traduzida, a luta do catolicismo para com os protestantes, que obtinham, cada vez mais fieis. A Inquisição, como ponto central ao final da peça é apresentada da forma cruel, como sabemos que foi; as falas dos inquisidores e do padre, injustas e contraditórias, lembra discursos de ódio hoje presenciados nas redes sociais e falas de conservadores ditos cristãos e seguidores de uma figura tolerante e compassiva, como fora descrito Jesus Cristo.
A edição da Bertrand, como todas as que li até o momento, está impecável, as capas seguem um padrão de ilustrações que me fascina, e o cuidado em manter as notas do autor, um prefácio bem escrito que nos abre para a escrita de Dias Gomes, também são diferenciais na edição. O Santo Inquérito pode ser lido em apenas um dia, uma tarde, algumas horas, assim como suas outras peças, mas a qualidade do conteúdo que sua obra carrega é inesquecível, assim como seus personagens, bem construídos e marcantes. Para quem não conhece o teatro brasileiro, Dias Gomes é uma indicação perfeita.
O enredo aborda, ainda, a questão da perseguição sofrida pelos cristãos-novos, a polêmica da Bíblia traduzida, a luta do catolicismo para com os protestantes, que obtinham, cada vez mais fieis. A Inquisição, como ponto central ao final da peça é apresentada da forma cruel, como sabemos que foi; as falas dos inquisidores e do padre, injustas e contraditórias, lembra discursos de ódio hoje presenciados nas redes sociais e falas de conservadores ditos cristãos e seguidores de uma figura tolerante e compassiva, como fora descrito Jesus Cristo.
A edição da Bertrand, como todas as que li até o momento, está impecável, as capas seguem um padrão de ilustrações que me fascina, e o cuidado em manter as notas do autor, um prefácio bem escrito que nos abre para a escrita de Dias Gomes, também são diferenciais na edição. O Santo Inquérito pode ser lido em apenas um dia, uma tarde, algumas horas, assim como suas outras peças, mas a qualidade do conteúdo que sua obra carrega é inesquecível, assim como seus personagens, bem construídos e marcantes. Para quem não conhece o teatro brasileiro, Dias Gomes é uma indicação perfeita.