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24 maio 2017

Resenha - Um Amor Incômodo

Nome: Um Amor Incômodo
Original: L'amore molesto
Autor (a): Elena Ferrante
Editora: Intrínseca
Sinopse:Aos quarenta e cinco anos, Delia retorna a sua cidade natal, Nápoles, na Itália, para enterrar a mãe, Amalia, encontrada morta numa praia em circunstâncias suspeitas: a humilde costureira, que se acostumou a esconder a beleza com peças simples e sem graça, usava nada além de um sutiã caro no momento da morte.
Revelações perturbadoras a respeito dos últimos dias de Amalia impelem Delia a descobrir a verdade por trás do trágico acontecimento. Avançando pelas ruas caóticas e sufocantes de sua infância, a filha vai confrontar os três homens que figuraram de forma proeminente no passado de sua mãe: o irmão irascível de Amalia, conhecido por lançar insultos indistintamente a conhecidos e estranhos; o ex-marido, pai de Delia, um pintor medíocre que não se importava em desrespeitar a esposa em público; e Caserta, uma figura sombria e lasciva, cujo casamento nunca o impediu de cortejar outras mulheres.
Na mistura desorientadora de fantasia e realidade suscitada pelas emoções que vêm à tona dessa investigação, Delia se vê obrigada a reviver um passado cuja crueza ganha contornos vívidos na prosa elegante de Elena Ferrante.

Um Amor Incômodo foi o primeiro livro da Elena Ferrante que li. E o título não poderia ter feito mais jus à minha primeira experiência para com a autora, foi uma leitura incômoda.

A história é sobre Delia e a recente morte misteriosa de sua mãe. Amalia morreu no mar, vestida apenas com um sutiã que não fazia muito o estilo de roupas que ela usaria. Sua filha ao mesmo tempo que lamenta essa perda, sente-se um pouco aliviada. Como ela poderia sentir-se dessa forma em relação à morte de sua própria mãe? Ao longo da narrativa iremos descobrir o relacionamento estranho e conturbado entre elas.

No decorrer dos capítulos entramos em contato com outros personagens, importantes para compreender a história de Delia e Amalia. É preciso deixar claro que a história da protagonista perpassa em absolutamente tudo a história de sua mãe. Caserta seria o possível atual namorado de Amalia, uma paixão antiga que conturbou e muito o relacionamento dela com o pai de Delia. Este extremamente ciumento e agressivo, maltratou e muito Amalia, e mesmo após mais de 20 anos separados, ele continuava a assombrar a vida da senhora.


Eu citei anteriormente o quanto essa leitura foi incômoda para mim, fazendo um trocadilho com o título da obra e irei explicar os motivos. A escrita de Elena Ferrante, neste livro, é confusa e prolixa, um dos motivos para a leitura não fluir tão bem a leitura, porém a história em si foi o que mais me incomodou. Caótica em algumas partes, as cenas de conflito, pela perspectiva de Delia quando criança, entre seus pais, com a violência verbal e física sofrida pela sua mãe, foi angustiante de ler. A autora aqui traz um ponto forte: retratar a violência dos homens contra mulheres de uma forma bem próxima do real, sem idealismos e com forte crítica social. Mas acredito que ler tais cenas só incomodou mais por eu também ter vivenciado um ambiente como esse, quando pequena. Não com o mesmo nível de violência, porém tenso e conflitante como Delia viveu quando criança. A leitura então se tornou algo pessoal, revivendo episódios traumáticos e extremamente conflitantes na cabeça de uma criança.

Ser uma leitura que incomoda é algo positivo, pois a autora soube sensibilizar seu leitor. Porém, a obra é cheia de cenas desnecessárias, ao meu ver. E a escrita é caótica, como citei anteriormente, mas não de uma forma que perpasse em nossa leitura a ideia de fluxo de consciência, mas simplesmente confusa. Ao ler as cenas muito bem descritas pela autora, imaginei cenas confusas de um filme, pelas descrições imagéticas e bem detalhadas, porém, nem sempre foi algo que agradou pelas "quebras" da narrativa.

Por fim, como primeira leitura de Elena Ferrante - tão bem falada em canais e blogs literários atualmente - preciso de outra experiência para firmar alguma opinião sobre a autora e seus escritos. Um Amor Incômodo não cativou minha atenção ou meu gosto, mas espero ter outras oportunidades de leitura da autora.

01 maio 2017

Resenha - Mosquitolândia

Título: Mosquitolândia
Título original: Mosquitoland
Autor (a): David Arnold
Editora: Intrínseca
Sinopse: “Meu nome é Mary Iris Malone, e eu não estou nada bem.” Após o inesperado divórcio dos pais, Mim Malone é arrastada de sua casa em Ohio para o árido Missis - sippi, onde passa a morar com o pai e a madrasta e a ser medicada contra a própria vontade. Porém, antes mesmo de a poeira da mudança baixar, ela descobre que a mãe está doente. Mim foge de sua nova vida e embarca em um ônibus com destino a seu verdadeiro lugar, o lar de sua mãe, e acaba encontrando alguns companheiros de viagem muito interessantes pelo caminho. Quando a jornada de mais de mil quilômetros toma rumos inesperados, ela precisa confrontar os próprios demô- nios e redefinir seus conceitos de amor, lealdade e sanidade. Com uma narrativa caleidoscópica e inesquecível, Mosquitolândia é uma odisseia contemporânea, uma história sobre as dificuldades do dia a dia e o que fazemos para enfrentá-las.

Eu ganhei esse livro de sorteio no Skoob (coisa rara, eu sei) há muito tempo atrás e somente agora pude ter a oportunidade de lê-lo. Depois de muito tempo sem ler um Young Adult (posso classificar ele assim?), me peguei cativada pela história, por Mary Iris Malone e por Walt e Beck.

A história é sobre Mim fugindo da escola após uma advertência do diretor e indo ao encontro de sua mãe que está em outra cidade, Cleveland. Ela furta o dinheiro de sua madrasta, junta algumas camisas e comida na sua mochila e parte para a sua aventura, sozinha e ansiosa para reencontrar a mãe que não envia cartas há três semanas. Após encontrar, na caixa de Halls que estava com o dinheiro, uma carta de sua mãe pedindo ajuda à sua madrasta, Mim liga os pontos e acredita que foi afastada de propósito de sua progenitora e agora, mais do que nunca, com a ideia de sua mãe estar doente também, a menina precisa chegar até ela.

A história me surpreendeu por não se tratar de algo superficial ou mais do mesmo que eu pensei encontrar nesse livro. Mim não se sente nada bem em Mosquitolândia, mais conhecida por Mississipi, a cidade onde mora, por conta do afastamento de sua mãe, o recente casamento de seu pai, e o próprio comportamento dele para com ela. Nada fica muito claro por meio da voz de Mim, mas aos poucos compreendemos que ela, assim como sua mãe, tem problemas que necessitam de uma dose de medicamento, recomendada por um médico de confiança de seu pai. Ela escreve cartas para uma Isabel, contando os motivos dessa repentina e louca viagem para encontrar sua mãe e vamos compreendemos quem é  Mim e o que faz dela ser quem é aos poucos.
De personalidade intrigante e única, a nossa protagonista cativa do começo ao fim. Com o surgimento de outros personagens, como Walt, um garoto com síndrome de Down que a ajuda em uma de suas paradas em sua road trip e Beck, o garoto da poltrona 17C do ônibus que Mim estava, a história fica ainda mais intrigante.

Narrando sobre dramas familiares, comportamento, abuso e a até morte, David Arnold, por meio da voz de Mary Iris Malone, nos traz uma obra singular e nada boba. Uma leitura fácil, não tão rápida (o livro contém um pouco mais de 300 páginas), a road trip de Mim fica na memória dos leitores por sua personalidade instigante, sua história, suas lições de vida e seu final otimista.

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