08 outubro 2020

Entrevista com o autor: Tiago Júlio


O blog recentemente fechou parceria com mais um autor paraense e que está com lançamento no mercado! Conheçam um pouco mais sobre o Tiago Júlior, autor de Outubro.

Uma breve apresentação sobre quem é você, o que faz, sua formação, o que te inspira:

Nasci em 1990, em Belém do Pará. Desde criança, sou apaixonado por contar histórias. Escrevo regularmente desde 2008, quando entrei para a universidade e criei meu primeiro blog literário. Minha formação é em Comunicação Social, Jornalismo, e possuo uma especialização em Produção Audiovisual. Pretendo, em breve, cursar Psicologia para ganhar propriedade e autoridade para auxiliar, de forma profissional, pessoas em sofrimento psíquico. Essa é uma das minhas maiores paixões e um dos meus grandes objetivos.
Em 2013, fui diagnosticado como portador do Transtorno Afetivo Bipolar. Em 2016, publiquei uma autobiografia, chamada “Cabeça Bipolar”, contando detalhadamente minhas experiências pessoais com ênfase na natureza de ser um bipolar. Mantenho um projeto na internet, com foco maior no Instagram, chamado Vida De Um Bipolar (@vidadeumbipolar), que tem como objetivo principal auxiliar outros portadores. Também no Instagram, dou vazão à minha produção literária, através do perfil @otiagojulio. Daqui a um mês e meio, lançarei meu segundo livro, o romance “Outubro”, ambientado no Círio de Nazaré.

Quando iniciou tua paixão pela Literatura?

Escrevo desde que aprendi a escrever. Lógico que, na infância, as narrativas eram simplórias e sem profundidade, mas eu lembro de, bem cedo, já criar historinhas. Fui influenciado, principalmente, pelos gibis da Turma da Mônica e pelos livros infantis que eu ganhava da minha tia Lena. Como eu era uma criança tímida e introvertida, passava muito tempo lendo. No início da idade adulta, redescobri o prazer de ler por conta da biblioteca da universidade. Li Saramago, García Marquez, Lispector, Rubem Fonseca, Veríssimo, Douglas Adams, Martin Page, Cecília Meireles e tantos outros. Lia compulsivamente, vários livros por mês e isso moldou muito minha formação. Hoje, escrevo bem mais do que leio, o que talvez seja muito errado! (risos). Mas fui contaminado muito cedo por grandes vozes e elas passaram, até hoje, a ecoar dentro de mim.

Primeiro livro do autor, disponível na Amazon.

O que te motiva a escrever?

Escrevo pra não sufocar. Tenho muita energia reprimida e, através das palavras, consigo canalizar elas, de alguma forma. Acho que, se eu praticasse algum exercício físico regularmente, ia conseguir criar um fluxo pra essa energia e, provavelmente, escreveria bem menos (risos). Escrevo, também, porque sei que há quem me leia. A ideia de escrever e guardar nunca funcionou pra mim. Sempre achei que o que vem de dentro da gente e ganha as telas ou o papel, merece também o mundo. Como há mais de dez anos escrevo para a internet, o contato com o público leitor e a velocidade de informação são muito grandes. Gosto dessa troca, de ter um feedback e de saber o que estão achando do meu trabalho. A internet pode ser terrível, mas também pode ser uma ferramenta maravilhosa. Basta saber usá-la.

Como ocorre teu processo de escrita?

Quando escrevo poesia, que é o que mais produzo atualmente, penso num determinado tema e trabalho em cima dele. Não gosto muito da ideia de inspiração. Se eu só escrevesse quando tivesse inspirado, não teria feito nem 50% do que já fiz até hoje. Não que isso nunca aconteça, mas não dá pra ficar esperando as palavras caírem do céu. Escrever é um processo que demanda técnica, exercício, disciplina. Depois que se pega a manha e se descobre seu próprio estilo, coisa, às vezes, muito difícil de se alcançar, a escrita passa a fluir de forma mais natural e espontânea.
Escrevo, geralmente, dois posts por dia pra o meu Instagram literário e vou deixando guardados no meu banco de publicações. Também produzo muito conteúdo audiovisual pra plataforma, que é o que mais está dando engajamento. É uma pegada diferente, pois, além de escrever o poema, preciso decorar, interpretar, gravar e editar. Dá trabalho, mas tem valido a pena!

Novo lançamento do autor

Como foi ocorre a trajetória de publicação?

O “Cabeça Bipolar” foi escrito em pouquíssimo tempo pra concorrer a um prêmio literário promovido pela livraria Fox, em 2014. Não consegui ganhar a premiação, então fui investir em outras alternativas, como agenciamento literário e até crowdfunding. Como nada deu certo, resolvi partir pra publicação independente, em 2016. A tiragem pequena esgotou na semana do lançamento, superando todas as minhas expectativas.
Com o “Outubro”, aconteceu de forma parecida. Depois que terminei de escrever o romance, fui tentar alguns prêmios literários regionais, mas acabou não rolando. Conversei com o Douglas Oliveira, da Editora Folheando, e ele apresentou um orçamento muito amigável, então fechamos. A pré-venda tem sido um sucesso enorme e eu vou precisar pedir mais livros para atender à demanda. Sigo independente, com os direitos autorais integralmente em meu nome. Pretendo continuar assim, ao menos por enquanto.

O que você pensa sobre o mercado editorial brasileiro/paraense atual? É difícil ser autor/escritor no Pará?

É difícil ser autor no Brasil, no Norte do país a coisa é pior. O público-leitor é muito reduzido e limitado a nichos específicos. Quem não tem suporte de uma grande editora, a imensa maioria dos autores brasileiros, precisa se virar como pode pra vender seus livros. Eu estou numa busca permanente de fidelizar meu público. Em relação à política, há uma carência de ações públicas a nível nacional para o fomento das artes, como um todo. Houveram grandes retrocessos nos últimos tempos em todos os campos, e o livro não ficou pra trás. Agora, estão com proposta de taxá-lo para encarecer ainda mais seu preço, aumentando a dificuldade de acesso e limitando o poder de compra da população mais pobre, que já não era nada bom. Enfim, nadamos contra a corrente e, às vezes, parece que só resistimos por paixão e teimosia.

Quais as suas paixões além da Literatura?

Sou apaixonado por todas as formas de artes e pela riqueza do espírito humano. Fiz especialização em Audiovisual mais por amor ao cinema do que por ambição profissional. A música, principalmente a brasileira, é minha grande amiga. Quando ouço Milton, Chico, Caetano, Elis, Bethânia, sempre tenho insights para escrever minhas poesias autorais. Fora do campo artístico, admiro muito a sensibilidade de quem, apesar de todos os problemas e dificuldades da vida, consegue ter leveza e algum senso de humor. Amo quem consegue ri de si mesmo e de suas próprias desgraças. Amo quem é gentil e educado, quem, nesse mundo doido, ainda acha brecha para amar. O ser humano e toda a potencialidade da vida em comunidade, física ou virtual, são minhas maiores paixões.

Tem dicas para uma boa escrita e para pessoas que pretendem escrever seu próprio livro?

A principal dica é: escreva. Escreva, se aperfeiçoe, treine, descubra seu estilo. De preferência, vá escrevendo e postando em algum lugar, faça fanzines (publicações artesanais), mostre pra os amigos mais próximos pra receber retorno dos leitores. Não se preocupe em publicar um livro se você ainda não tem certa maturidade literária pra isso. Isso demanda tempo. Além do mais, o livro é apenas um formato e quem escreve num blog não é menos escritor que alguém que já publicou 30 livros. São experiências diferentes. Tente controlar a ansiedade e seja receptivo às críticas construtivas, mas também valorize quem lhe elogia e lhe empurra pra frente. Acima de tudo, satisfaça primeiro a você e escreva de forma que você sinta orgulho do seu trabalho. Estas são dicas que eu gostaria de ler quando estava começando, mas não posso falar mais que isso, pois ainda estou aprendendo também (risos).

Acompanhem o trabalho do Tiago em seu perfil no Instagram: @otiagojulio

Comentários via Facebook

5 comentários:

  1. Amei a entrevista. Adorei o fato do Tiago mostrar que a persistência sempre vem antes da inspiração.
    A capa do livro novo está linda
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

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  2. Oi Jen,
    Adorei a entrevista, e parabéns pela parceria!
    E realmente, a internet tem seu lado bom, a gente precisa sair mais das redes e utilizá-lo hahaha
    E as dicas de escritas estão ótimas, sempre adoro saber.
    Desejo sucesso para o autor.

    tenha uma ótima semana :D
    Nana - Canto Cultzíneo

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  3. Adorei conhecer o autor! A capa do livro é perfeita, estou encantada!
    Fiquei curiosa pra conhecer a obra, parece ser linda assim como foram as palavras dele nessa entrevista <3
    Beijoss, Blog Seja Agridoce ♥️♥️♥️

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  4. Oi.
    Parabéns por mais essa parceria, é muito bom quando vemos o cantinho que é uma parte de nós crescer. Amei conhecer o autor e sua obra.
    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  5. Adorei conhecer esse autor e a sinceridade dele em falar abertamente sobre a bipolaridade.
    A capa do livro novo tão mega apaixonante.

    Beijnhos
    Renata

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