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2020
16 agosto 2020

Entrevista com a autora: Bruna Guerreiro


Hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a mais nova parceira do blog! A autora Bruna Guerreiro, a qual possui alguns títulos já publicados, entre romances e contos. Esta parceria já foi 'inaugurada' pelas primeiras impressões que realizei do seu mais novo lançamento, Milênio, uma história de amor proibido e de reencontro com o passado. Confiram esse post no perfil no Instagram do blog. Por aqui, iremos conhecer mais da autora, sua trajetória profissional e ainda conferir algumas dicas sobre escrita e publicação.

Uma breve apresentação sobre quem é você, o que faz, sua formação, o que te inspira.

Meu nome é Bruna Guerreiro, nasci em Belém, morei por mais de dez anos em São Paulo, onde me formei em História na USP. Já trabalhei como revisora de português e inglês até que concluí a formação superior em língua francesa, tradução e história da França e comecei a me dedicar mais ao francês. Hoje sou tradutora juramentada de francês. Além de escritora, claro!
Para mim, essa é sempre uma pergunta um pouco difícil de responder porque acho que tudo me inspira! Coisas que vi, li, vivi ou ouvi (de pessoas que conheço), é muito comum que algumas histórias comecem a surgir na minha mente a partir de uma música ou imagem ou algo que alguém me contou. Sonhos também me inspiram muito, tenho uma série de histórias baseadas em sonhos, eu chamo de "Oníricos" (minha primeira antologia leva esse nome), são histórias não relacionadas, têm apenas isso em comum. Hoje em dia eu tenho lido mais poesia e sinto o quanto isso tem se tornado fonte de inspiração para mim também.

Quando iniciou tua paixão pela Literatura?

Cedo, eu sempre li muito. Lembro de um livro infantil que nós tivemos em casa, do Malba Tahan, chamado "Paca Tatu", que era uma paixão pra mim, nunca esqueci! Na adolescência, eu li muito Ganymedes José e Pedro Bandeira, além de ter me apaixonado por Sherlock Holmes. Tínhamos assinatura do Círculo do Livro, morro de saudades. Ir a livrarias sempre foi meu passeio favorito.


O que te motiva a escrever?

Hoje em dia com certeza é algo que se retroalimenta. Eu considero que foi aos 20 anos que comecei realmente a escrever, quando morava em São Paulo. Antes disso, além de um pouco de poesia, eu tinha feito algumas tentativas de histórias que não vingaram, mas ali, com 20, eu tive uma ideia para um livro e aquilo nunca mais foi embora. Nunca mais consegui parar, especialmente depois que voltei para Belém e realmente fui moldando minha rotina de trabalho de forma que a escrita fizesse parte disso. Hoje tenho tantas histórias iniciadas que elas naturalmente "me chamam". Já se tornou parte da minha vida.

Como ocorre teu processo de escrita?

Ideias nunca faltam, né? O negócio é organizá-las, mesmo quando interrompem um livro que eu já esteja escrevendo. Eu demorei uns anos para aceitar que eu funcionaria dessa maneira, sabe? Com interrupções. Mas por fim aceitei porque de fato funciona. Quase sempre alguma ideia me interrompe no meio da escrita de um romance (até porque romance demora muito para escrever). Eu paro tudo e esboço a ideia, mesmo que leve uns dias, uma ou duas semanas, tirando da frente da cabeça aquelas ideias iniciais (ideias novas têm muita força e se impõem). Depois que esbocei aquilo, volto para o projeto principal. Eu tenho alguns macetes pra conseguir voltar pra vibe de cada livro, e montar as playlists é uma das coisas que mais me ajuda. Releio o livro (não precisa ser todo, é só até sentir que tô voltando para aquele clima), fico ouvindo as músicas e navegando pelas pastas de imagens. Para esquematizar de fato os romances, eu costumo usar caderno (me ajuda a pensar o enredo) e também um arquivo separado, onde organizo personagens, cronologias, separo a história em pedaços. Eu trabalho muito me fazendo perguntas e respostas: "O que eu quero dizer com este livro? Onde eu quero chegar? Ok, e agora de que forma quero chegar ali? O que eu quero que essa protagonista aprenda? O que ela precisa viver para aprender isto? Como fechar a ponte entre este evento e este evento?" E assim vou indo, parte a parte, capítulo a capítulo.
Eu sou muito produtiva, escrevo muito, e hoje em dia já percebi que isso se deve a esse método que aceita interrupções. Quando eu finalmente termino um romance que levou meses para ser escrito, já tem uma história me chamando, e ela já está iniciada, pois foi esboçada assim que a ideia surgiu. É mais fácil pegá-la daí, já "em movimento", digamos assim. Se for um romance longo, vai levar mais alguns meses para terminar, mas se essa ideia for uma novela, em algumas semanas posso já estar terminando. Parece de alguma forma organizado? Não é. Algumas histórias são interrompidas muitas vezes, eu abandono e retorno muito tempo depois. Para mim, o segredo é não me afligir, sabendo que abandonar uma história não significa que ela não será terminada, porque já sei que deu certo de outras vezes.
Um exemplo raríssimo de escrita que não foi interrompida nenhuma vez foi "Milênio". Escrevi entre janeiro e abril de 2019, sem parar!

Alguns dos títulos em destaque no site da Bruna: https://www.brunaguerreiro.com.br/

Como foi que ocorreu a trajetória de publicação?

Bem, quando eu comecei a escrever pra valer, não existia wattpad nem publicação de ebook independente pela Amazon. Eu não tinha essa experiência de que hoje é comum de ter opiniões sobre sua escrita, inclusive de pessoas desconhecidas. Quando publiquei, já foi um ebook todo prontinho. Pessoalmente eu gosto de não ter passado por isso, talvez eu me sentisse suscetível demais à opinião de todo mundo. Esse é um equilíbrio difícil de achar, sim, mas eu não penso no público enquanto escrevo, não penso em agradar senão a mim mesma. Só vou pensar nos leitores depois.
Quando eu conheci o KDP (plataforma de autopublicação da Amazon), achei que seria a forma ideal de publicar meus livros. Comecei com uma antologia, meio que como um teste mesmo, para conhecer a plataforma. "Oníricos" saiu em 2013. Em 2014 eu publiquei "Catarina" e a partir dali fui publicando suas continuações. Em 2017 entrei no time da Editora WI, primeiro com dois livros únicos, "O Sangue" e "No Parque da Cidade", e depois toda a pentalogia Teenage Dream foi pra lá! Eu realmente gosto muito de publicar de forma independente, mas o acordo que tenho com essa editora me serviu muito bem. Mesmo assim, mantenho muitos títulos fora da editora, de forma independente. Gosto de gerir diretamente a comercialização das minhas histórias.

O que você pensa sobre o mercado editorial brasileiro/paraense atual? É difícil ser autora/escritora no Pará?

Pois é... A primeira coisa que eu penso é que eu mesma ainda tenho muito a aprender, até porque é um mercado que claramente tá num ponto de virada. Na verdade eu acho que isso é bom, mudanças vinham acontecendo e acho que nem todo mundo vinha percebendo. Se você perguntar, muitos autores hoje vão relatar que preferem ser independentes. O mercado das editoras grandes por vezes fica saturado de autores internacionais ou auto-ajuda ou a publicação de livros nacionais escritos por pessoas que já são conhecidas de alguma outra área (tipo atriz que virou escritora, e, veja, eu não estou dizendo que ela seja ruim, só estou dizendo que é muito mais fácil ela conseguir uma publicação grande do que eu ou você). Os contratos para os escritores menos conhecidos acabam sendo piores, tem algumas propostas francamente desonestas, e aí muita gente tem optado pela carreira independente, usando a internet para procurar nosso público diretamente. Mas, como eu disse, tenho muito o que aprender, observando outros autores. Se é difícil? Bom, eu tenho certeza de que não é fácil, mas acho que se torna menos difícil conforme a gente vai readaptando sonhos, sabe? Separando o que é ilusão daquilo que é objetivo. E quanto ao Pará, eu acho que é meio difícil ser escritora de romance no Pará, porque eu fico muitas vezes perdida nessa cena literária paraense, tem pouca gente fazendo uma literatura semelhante à minha aqui. Fora isso, eu gosto bastante, tenho feito bons contatos e amizades incríveis por aqui. A cena literária é muito fértil no nosso estado.

Quais as suas paixões além da Literatura?

Música, poesia, viajar, aprender idiomas (sinto saudade de ensinar francês!), estudar filosofia e história.

Tem dicas para uma boa escrita e para pessoas que pretendem escrever seu próprio livro?

Nada é tão importante quanto ler muito. Leia de forma diversificada, leia bem, leia com calma, leia quem escreve melhor do que você. Goste das palavras, não seja apressado/a com elas. Ao escrever, tenha senso crítico com você mesmo, MAS não deixe que isso te pare! Na verdade não é muito difícil achar esse equilíbrio desde que você entenda que o segredo é manter a prática. Ninguém nasce pronto, né? Portanto, olhe para o seu trabalho como algo que tem potencial pra melhorar. Escritores têm uma certa tendência a ter o ego inflado e acharem que sua escrita e sua ideia é a melhor do mundo. Acreditar em si é essencial, sem dúvida! Mas o truque é quando você percebe que escrever bem é um processo, sempre. Escrever um livro depois de anos de carreira e uma leitora assídua te dizer que é muito melhor do que aquele seu primeiro romance, isso não tem preço (apesar de ela ter dito isso timidamente). Evoluir é maravilhoso! Organize suas ideias, preste atenção em como você funciona, as regras dos outros podem não funcionar pra você, mas alguma disciplina será necessária. Descubra a sua, uma que respeite a sua forma de criar!

Eu, sinceramente, estou encantada com a trajetória da Bruna e suas impressões aqui escritas. Milênio é incrível (ansiosa pra terminar a leitura) e estou bem animada para as outras leituras. Siga a autora e acompanhe seu trabalho em suas redes:
Site - Instagram - Fanpage - Linktr.ee

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14 comentários:

  1. Eu amei demais dar essa entrevista e estou super animada com nossa parceria!

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  2. Amei a entrevista. A Bruna parece ser uma mulher incrível e o Milênio deve ser muito bom.
    Eu sempre achava que a escrita tinha que ser contínua, que bom que a Bruna falou sobre esse processo dela e eu consegui entender que parar durante a escrita não tem problema
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

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  3. Olá!
    Não conhecia a Bruna e amei poder conhecer a bruna e a sua paixão pela leitura e escrita, as obras devem ser ótimas, fiquei curiosa e me identifiquei quando ela disse que começou cedo na paixão pela leitura, eu também comecei muito cedo, desde que me entendo por gente rs
    Beijocas.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  4. Olá, Jeniffer.
    Não conhecia a autora ainda, mas achei a entrevista muito bacana. Deu para perceber que ela é muito simpática. Vou aguardar a resenha do livros para saber mais sobre eles.

    Prefácio

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  5. Concordo plenamente com a Bruna, ideias a gente sempre tem, o difícil é organizar, haha. E eu não sou escritora, mas me identifiquei com o processo de escrita dela, pois por vezes eu estou escrevendo um post e de repente me surge a ideia para outro texto e de repente tenho no computador duas abas de posts diferentes sendo escritos, kkkkk. E ainda tem momentos em que eu tenho em mente o fim do post e começo a escreve-lo pela conclusão. Cada um se organiza da melhor forma né?!
    Como leitora prefiro publicações independentes, pois como a Bruna comenta, editoras grandes realmente ficam saturadas com autores internacionais e livros de auto-ajuda, que eu não aguento mais, daí procuro novidades com autores nacionais e independentes.
    Amei a entrevista!
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  6. Jeni, eu não conhecia a autora, mas adorei conhecê-la!
    Adorei a entrevista no blog e suas perguntas foram ótimas

    o que mais gostei de saber foi do processo de escrita dela, esmiuçar as ideias e se dar um tempo para isso me deu uma luz, de certa forma!

    Sucesso pra ela!

    Beijocas da Pâm
    Blog Interrupted Dreamer

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  7. Oi Jen,
    Que linda a entrevista! Cheia de diquinhas de escrita, adoro.
    Eu tenho muita vontade de ser fluente em francês, acho lindo.
    E adorei o fato dela criar playlists pra ajudar a fluir a história, mas as vezes fico só nisso mesmo e nada de escrever. hahaha
    Sucesso pra ela!

    até mais,
    Canto Cultzíneo

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  8. Que linda. Adorei todas as respostas e palavras. Não conhecia ela, mas adorei saber um pouquinho também sobre sua trajetória literária.

    www.vivendosentimentos.com.br

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  9. Oi, Jeniffer!

    Adorei conhecer melhor a autora e as respostas dela! Organizar é mesmo uma das partes mais difíceis da escrita, muitas vezes vem várias ideias na cabeça e colocá-las em ordem é o grande problema, conectá-las até construir uma história coerente. Hoje em dia o mercado editorial dá bem mais oportunidade pra autores nacionais do que antes, mas atingir um público de leitores é sempre uma fase complicada, ainda mais se é de forma independente. Já quero ler os livros dela e desejo muito sucesso sempre!!

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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  10. Não a conhecia, adorei as respostas!

    Beijos,
    www.tammycezaretti.com.br

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  11. Oi Jeniffer, tudo bem?

    Adorei a entrevista! Principalmente a diquinha de escrita. Estou trabalhando em um projeto no momento e com certeza elas vão me ajudar bastante.

    Não conhecia a autora, mas fiquei muito feliz em conhece-la assim como sua linda jornada literária.

    Beijos e um ótimo final de semana;*
    Ariane Reis | Blog My Dear Library.

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  12. Oi Jeniffer, tudo bem?
    Não conhecia a autora, mas achei a entrevista muito legal.
    A dica de ser crítico consigo mesmo mas não deixar que isso te pare dialogou diretamente comigo!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  13. Oi, amiga!! Tudo bem?!

    Estou muito contente com o retorno do seu blog e também por essa nova fase que você está vivendo (blogueira, profissional e pessoal ♥). Gostei bastante de conhecer um pouco mais sobre a Bruna e espero mais conteúdos relacionados a ela aqui no seu cantinho!


    Beijos,
    www.procurei-em-sonhos.com

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  14. Gostei bastante da entrevista, nunca tinha lido algo parecido em um blog, nos faz sentir mais próximo do autor ou autora. Parabéns pelo trabalho, seu e da Bruna Guerreiro.

    http://www.amigadaleitora.com/

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