04 agosto 2020

A arte de Carolina Melo


Hoje vamos conhecer o trabalho lindo e super significativo da Carolina Melo, responsável pela ilustração nova do blog, e irmã da Bia Blare, lembram dela? Uma família de artistas mulheres que eu tive o privilégio de conhecer um pouco mais este ano.

Uma breve apresentação sobre quem é você, o que faz, sua formação, o que te inspira.
Meu nome é Maria Carolina, tenho 26 anos, sou estudante de Letras-Língua Francesa, mãe e artista. Nunca sei falar de mim, tenho um pouco de dificuldade em achar palavras ou pensar na forma escrita sobre mim mesma, acho que por isso, pintar é essencial quando me faltam verbos. Tenho grande interesse em literatura, sendo ela uma fonte de inspiração. Minhas principais linhas de trabalho são a relação do corpo (pincipalmente o feminino) com elementos oníricos.




Como você descreve sua arte?
Muito intuitiva e espontânea. Já houve vezes em que não produzi nada por muito tempo. Gosto muito de ruminar ideias, fazer cada coisa em determinado espaço de tempo. Creio que isso reflete muito em como vejo minha arte, em eterno mergulhar e subir a superfície, para mergulhar novamente. A maneira como conduzo essa prática, muito se relaciona com tempo e autoconhecimento, as vezes sei que não estou preparada para produzir determinado elemento, então paro por horas, as vezes dias, até poder sentir que o território está seguro para pisar novamente. Minha arte sou eu, cada hesitação, cada obsessão por um tema, ou uma cor, cada pequeno detalhe de narrativa.



Quais técnicas você utiliza? (pintura a óleo, colagem, etc)
Normalmente uso técnicas mistas, em especial a tinta acrílica e o nanquim, além de vez ou outra utilizar giz pastel oleoso. Minhas experiências com tinta a óleo são bem frustrantes, por conta de problemas respiratórios que tenho desde criança (o cheiro é muito forte, não me faz bem). Me ressinto bastante de não poder usar tinta a óleo, mas quem sabe um dia.


Quais inspirações/influências você possui?
Essa pergunta dá pano para manga, rs. São muitas as minhas inspirações, mas acho que enfatizo o território onírico como uma das principais fontes de jorro artístico. Gosto bastante de explorar essa fronteira do sonho, de imagens que não sei bem de onde vem, que se juntam com memórias de coisas que não fazia ideia que meu cérebro armazenava. Minha infância me inspira, e cada esqueleto da minha existência de alguma forma reverbera na minha arte. Me sinto abençoada por cada imagem guardada, como por exemplo, a de minha tia-avó separando comida para suas galinhas, cada cor que visito infinitas vezes na minha memória, compõe minhas inspirações (o quadro “ Ausência” bebeu muito dessa fonte). Cada planta, cada reboco de parede, cadeira velha, não são só inspirações, sou eu. A maternidade também me é algo marcante, pois me fez tatear às cegas uma outra relação com o corpo, logo, a forma representativa do mesmo. A maternidade, também sou eu.
Quando comecei a desenhar, foi impossível não me basear na forma canônica do pintor, normalmente europeu, que parecia ter surgido pronto em sua genialidade. Era a que mais predominava. Foi assim até um certo ponto. Eu nunca seria artista nessa forma, e uma busca de formas mais parecidas com o que eu era, soou uma boa solução para o problema. Nesse sentido, procurei pintores cada vez mais próximos a mim. Pintoras como as mexicanas Frida Khalo, Maria Izquierdo, Aurora Reyes, além de Diego Rivera (pois considero sua arte extremamente política e importante), as brasileiras Maria Auxiliadora da Silva, Rosina Becker do Valle, Beatriz Melo (que quis o destino me dar como irmã) e Marcelle Nascimento (essas duas últimas, Paraenses), as guatemaltecas Rina Lazo e Angelina Quic Ixtamer, o haitiano Frantz Zephirin, a moçambiquenha Cassi Namoda, etc. Existem outras influências, mas é quase impossível citar todas, então dei preferência ao que atualmente tem me atravessado, e ao que se tem feito/ foi feito no território latino americano. A arte feita na LatinoAmérica tem uma força gigante, nutritiva, mágica. Não só referencias vindas das artes plásticas, mas também me nutro da arte literária, que habita meu trabalho, e a taromancia (que gosto, mas não sei jogar).


Como você se descreve, enquanto artista, mulher, mãe? 
Acho que essa visão de me sentir artista é muito recente, nasceu junto do meu filho, arrisco dizer. Sempre gostei de desenhar/pintar, mas nunca parei para avaliar isso como uma parte real de mim mesma. Sinto que cada dia arranco um véu novo de minha face, sobre me entender enquanto artista, enquanto mulher – conceito que me gera mais perguntas, do que respostas, levando em conta toda uma cadeia de opressões e falsos sentidos atribuídos – e enquanto mãe. Então, essa resposta fechada acaba ficando em suspenso, ou apenas resumida em “ainda estou aprendendo a nadar nesses rios”.


Recomenda algum (a) artista atual que te inspira?
Regionalmente, posso citar Beatriz Melo, Marcelle Nascimento, Beatriz Paiva, que são três mulheres que tenho muita admiração pelo trabalho artístico; Cassi Namoda, que citei anteriormente; Singh Bean, que acompanho há algum tempo o trabalho com colagens, via instagram; Rithika Pandey (artista indiana, creio eu), que também acompanho via instagram.; Dalton Paulo, que tem um trabalho maravilhoso, entre eles, a capa do livro “Lima Barreto triste visionário”. Além disso, o perfil @descolonizarte_ , que me fez ter contato com vários outros artistas.

Além da pintura/colagem, o que gostas de fazer?
Ler. Ler muito sempre foi algo presente na minha vida, as vezes quase uma obsessão.
Confere os trabalhos da Carol no Instagram @carolina.atraves.do.espelho

Comentários via Facebook

9 comentários:

  1. Olá!
    Não conhecia e achei bacana você trazer pessoas e artistas aqui, é sempre bom conhecer um pouco de arte. Acho que pintar alivia o estresse ocasionado nos dias atuais.
    Beijocas.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  2. Olá...
    Adoro quando você traz artistas pra gente conhecer... Acho que esse tipo de arte não é tão divulgado nos meios de comunicação e é tão lindo você abrir espaço para elas. As obras dessa artista são maravilhosas!
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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  3. Oi, Jeniffer!

    Ainda não conhecia a artista, muito bacana mesmo as ilustrações, bem talentosa ela!!

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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  4. Gosto bastante de artes e fiquei bastante admirada pelo trabalho da Maria Carolina,acho que se a conhecesse pessoalmente iria querer saber mais detalhes sobre as suas pinturas, é muito bom ter a visão do artista sobre a sua obra, saber o que ele sentiu e quis transmitir através da sua arte. Parabéns pelo trabalho, Maria! E parabéns ao blog por dar essa visibilidade a artista!

    Um forte abraço!

    http://www.amigadaleitora.com/

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  5. Me identifiquei com a Carol, acho que pra mim também é mais fácil me expressar pela arte do que por palavras faladas, desde criança eu sempre amei desenhar, e depois... descobri minha também "obsessão" pela literatura, tanto por movimentos literários, quanto pelo ato de ler e viajar para outro mundo.
    Eu amei a entrevista e poder conhecer essa artista tão talentosa.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  6. Que lindos os traços e a arte dela. Parece que cada traço traz sentimentos junto. Incrível!
    Adorei a entrevista.

    www.vivendosentimentos.com.br

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  7. Não conhecia mas me encantei, uma graça ♥

    Beijos,
    www.tammycezaretti.com.br

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  8. Olá, Jeniffer.
    O talento vem de família então hehe. Adorei a arte dela. Fui até la no instagram conferir mais dos seus trabalhos. A entrevista ficou ótimo. Desejo muio sucesso para ela.

    Prefácio

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  9. Amei conhecer a artista. Os trabalhos dela são incríveis e com certeza irei passar a acompanhar os próximos.
    beijos
    http://www.dearlytay.com.br/

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