Como sobreviver a uma pós-graduação #02

Fonte de todas as imagens neste post: @Iwat1929

No primeiro post sobre como sobreviver a uma pós-graduação, abordei temas mais gerais sobre essa trajetória, algumas sugestões de atitudes e posicionamentos frente ao que passamos durante o mestrado ou doutorado. Dessa vez pensei em trazer dicas um pouco mais "concretas" quanto aos estudos e pesquisas nesse período. Vamos lá?

Estabeleça uma metodologia de estudo/pesquisa/escrita

A gente acha que sabe estudar porque vive estudando, mas nem sempre isso é verdade (pelo menos não da melhor maneira). Cada um tem uma metodologia de estudo que lhe cabe melhor, alguns são mais visuais, outros preferem a escrita, tem os que aprendem mais ouvindo e outros que só gravam mesmo as coisas falando. Então, você sabe como você aprende melhor? Assim como nos estudos, a pesquisa também precisa de disciplina e foco, e sobre a escrita, digo o mesmo. Estabelecer horários e dias para se dedicar às tarefas da pós já é um começo, depois, vá testando o que melhor funciona pra você ser produtivo e não se desgastar muito. Lembrando sempre em manter o lazer e o descanso, cuidando sempre da saúde mental.

Fuja de revistas/editoras predatórias

Alguns alunos desconhecem o que seja publicação predatória no meio acadêmico. Esse termo define revistas ou editoras que publicam resultados de pesquisas científicas, disponibilizam on-line, mas com uma taxa de pagamento para o autor, e sem rigor nenhum científico, ou seja, sem critérios bem estabelecidos de seleção do material a ser publicado. Essas revistas/editoras possuem uma "má fama" no campo acadêmico, pois basicamente não há seriedade na publicação, sendo mais um número no Lattes, em que se prioriza quantidade de publicações e não qualidade. No campo acadêmico a melhor escolha é submeter artigos em revistas/editoras com conselho editorial formado e que o suporte mantenha publicação constante, com critérios esclarecidos sobre as submissões, a Capes mantém uma lista atualizada de revistas qualificadas por eles, consulte aqui a de 2017-2018. Geralmente essas publicações mais sérias são gratuitas, pelo menos na área de Letras (minha área) e mesmo as pagas, possuem critérios de seleção e um conselho editorial bem estabelecido, além de renome na área acadêmica. Para aprofundar sobre o assunto e saber como não cair na lábia de um periódico predatório, consulte o artigo da Fapesp, o artigo no site Jota e a lista de revistas no Preda Qualis.

Organize bem suas referências bibliográficas

Uma das coisas mais chatas nos trabalhos acadêmicos é organizar as referências, não se perder entre elas e referenciá-las da forma correta (de acordo com a ABNT). Eu, particularmente, gosto de listar todas elas em um documento separado enquanto realizo as leituras/fichamentos e quando estou inserindo citações no arquivo do trabalho. Um site que sempre me ajuda a referenciar da forma correta é o MORE,  uma plataforma em que você pode criar uma conta e gerar referências, deixando-as salvas por lá, mas o Google Scholar também quebra um galho de vez em quando. Há muitos outros, um pouco mais complexos pra mim, confesso, que auxiliam o estudante nessa prática, consulte eles aqui. Caso não queiras ter dor de cabeça com isso e com outros tópicos de revisão textual, podes contratar alguém pra realizar esse trabalho (se for o caso, eu estou disponível, rs).

Reaproveite artigos e a escrita do TCC/dissertação/tese

Para os veteranos pode ser uma sugestão bem boba, mas talvez algumas pessoas realmente não pensem nisso quando estão pensando em publicar algum artigo. Nossas pesquisas geralmente são bem amplas ou bem específicas, depende, mas a partir delas podemos aproveitar nossa escrita para elaborar um artigo mais detalhado sobre um tópico em específico, ou algo um pouco mais amplo, a partir de um ou mais tópicos do texto principal. Mas atenção: cuidado com o autoplágio! Artigo é diferente de TCC/dissertação/tese, além disso, seu texto será publicado na biblioteca da universidade, e as revistas sérias e comprometidas em verificar os textos irão sim pesquisar caso ele esteja publicado em outro local, afinal, na maioria das vezes o escrito precisa ser inédito e nem você sendo o autor do texto foge do plágio cometido. Outra sugestão é aproveitar os artigos das disciplinas que você participou para publicar, talvez com a ajuda do professor que corrigiu o trabalho ou de outro. Por mais que não seja tão relacionado à pesquisa, é um trabalho seu, feito sob pesquisa séria e avaliado por um professor do curso, então, porque não?!

Procure as revistas certas para publicação

Pode soar boba também essa sugestão, mas muitas vezes achamos que nosso trabalho está dentro do escopo da revista, mas não está. Precisamos ficar atentos a isso, pois diminuímos consideravelmente o tempo gasto em submissões fadadas a serem recusadas. Pra quem tem Facebook, há um grupo específico de chamadas em revistas para a área de Letras e afins. Caso você seja de outro curso, procure saber se não há um grupo assim da sua área ou faça uma pesquisa de revistas e separe em um documento as que possuem foco e escopo relacionados à sua pesquisa para consultas futuras. Uma boa dica é se cadastrar como autor/leitor nessas revistas e receber avisos dela quando novas chamadas são publicadas.

Não se limite à sua pesquisa

Eu sei o quanto é difícil concluir um curso de pós em tão pouco tempo, como o mestrado, ou um que te exige muito, como o doutorado, mas uma coisa que aprendi durante minha formação em Letras é: o mercado de trabalho não abarca exatamente o que você faz na pesquisa, às vezes nem o que você estuda nas disciplinas da pós, então, reinvente-se, na medida do possível. Caso tenha oportunidade, faça uma disciplina da área, mas que não está diretamente relacionada ao que pesquisa, ou faça cursos por fora, e leituras. Para um concurso público, por exemplo, é preciso focar em diferentes leituras das quais você não deve ter tido durante sua formação, assim, manter a mente aberta para assuntos afins é sempre bom.