24
fev
2017
24 fevereiro 2017

Resenha - O filho de mil homens

Título original: O Filho de mil homens
Autor (a): Valter Hugo Mãe
Editora: Globo Livros - Selo Biblioteca Azul
Sinopse: A edição de O filho de mil homens traz novo projeto gráfico e prefécio de Alberto Manguel. Quinto romance do escritor no Brasil, o livro reflete sobre o prazer do amor incondicional, que o ser humano parece buscar para preencher o que lhe falta. Pescador que vive em um vilarejo litorâneo, Crisóstomo, ao chegar aos 40 anos, sofre com o fato de não ter tido um filho e sai em sua busca. Desejava um herdeiro que pudesse, além de lhe aplacar a solidão, ser testemunha do que ele próprio se tornou, com as alegrias e tristezas de sua trajetória. A todas as fantasias patriarcais contidas na obra, Mãe contrapõe, segundo Manguel no prefácio, “outra mais nobre e concretizável: a fantasia de um filho de mil seres humanos, tanto homens como mulheres. A essa definição correspondemos todos”.
Primeira obra de Valter Hugo Mãe que tive o imenso prazer de ler e a surpresa ao me deparar com um livro tão poético e bem escrito foi grande e maravilhosa.

O livro narra sobre a vida de Crisóstomo, o qual acredita que ao ter um filho irá completar-se como um homem feliz e plenamente satisfeito com sua vida. Depara-se com um menino na rua, com sua vizinha mandando-o sair de casa para trabalhar. Ao avistar a criança, Crisóstomo tem certeza de que encontrou o filho que tanto sonhava e decide adotá-lo. A vida dos dois juntos não poderia ser melhor, porém Crisóstomo ainda depara-se com uma moça, sentada em seu lugar na praia, pois ele era pescador e viva de frente para o mar, e assim começa outra história de amor.

O enredo não é linear. Inicia-se com a vida do humilde e sonhador pescador para depois perpassar por outras personagens, como Rosinha , Antoninho, o filho “maricas” de dona Matilde, e a própria vida do garoto encontrado, Camilo, e sua mãe, a anã vigiada por toda a pequena cidade onde se passa a trama.

É preciso deixar claro que o espaço em que ocorre a narrativa parece ser de um interior de uma região bem humilde e simplória. E a linguagem utilizada pelo autor deixa bem claro isso. Antoninho é o personagem denominado “maricas” pelos personagens, extremamente hostilizado numa cidade preconceituosa e sem grande conhecimento sobre o mundo e as diferenças sociais existentes. Sua trajetória em O Filho de Mil Homens é extremamente difícil e conflituosa, consigo mesmo até, por desejar ser alguém “normal”, aceito por todos, principalmente por sua mãe.

A história da mãe de Camilo também é extremamente significativa quanto à discriminação e hipocrisia social com uma mulher, anã, solteira e grávida. Sua história continua com o nascimento de Camilo e o aparecimento do seu avô. A história dos dois é de uma poesia linda, os diálogos e as cenas finais entre esses dois personagens são emocionantes e ao mesmo tempo singelas.

Eu poderia descrever um pouco sobre como cada personagem e suas histórias me cativaram, comoveram e despertaram sentimentos bons em mim durante a leitura desse livro; mas nada se compara ao ato em si da leitura sobre Crisóstomo, Rosinha, Antoninho, Camilo e Matilde. Valter Hugo Mãe tem uma escrita maravilhosamente poética de beleza extraordinária.

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