
Estava pensando em tudo que queria ser aos 20 anos. Queria ser aquela que fez mochilão na Europa e hoje volta com muitas fotos e histórias pra contar. Queria ser a garota rica que tem um quarto lindo e muito bem decorado que pode tirar fotos lindas junto á ele e postar em seu blog. Queria ser aquela que ganhou algum tipo de prêmio por algo que fez. Queria ser aquela que tem uma coleção perfeita de vinis. Ou aquela que viajou pelo país com seu namorado nas ultimas férias. Mas não sou nada disso. Pelo contrário, tive uma vida bem normal e por algum tempo, fiquei sem ter nenhuma importância no cenário social ao meu redor. Eu não era estudante, tanto do colegial nem universitária, não trabalhava, não cuidava de ninguém da família. Eu só lia livros que achava interessantes e postava em meu blog. Eu sentia falta de um grande propósito na minha vida, que no caso, era cursar a universidade. Sentia falta de um amor que me fizesse sentir borboletas no estômago e de certa forma, sentia falta de família e amigos, mesmo tendo alguns por perto. Eu me sentia vazia, de todas as formas possíveis. Aos 20 tudo isso mudou. Os livros que eu li não são mais interessantes. Os posts geniais para o blog não me vem mais à cabeça. Os textos nas redes sociais não me interessam mais. Faço parte do cenário social. Entrei para a universidade, tenho amigos e família por perto, assim como aquele amor das borboletas no estômago e ainda consigo me sentir insatisfeita. Ainda consigo pensar em não querer mais cursar tal curso, em querer novos caminhos, em desejar novos lugares. Provavelmente eu devo ser completamente egocêntrica e ingrata com a vida. O desejo de mudança nem sempre é tão válido como pensava antes. Sim, eu quero mudanças, quero um novo curso, quero novos lugares pra visitar. Mas sim; eu estou cursando algo interessante, exatamente aquilo que eu desejei naquele tempo que me sentia incompleta, tenho exatamente aquilo que desejava há algum tempo e pareço não saber apreciar muito bem tudo isso. Não vou poder ter tudo o que quero ao mesmo tempo. É algo insano para se pensar. Então paro, penso, respiro fundo e mantenho o foco no que há de bom nos dias atuais. Não há nada que me confirme sobre eu não ser aquela que irá fazer mochilão na Europa e voltará com muitas histórias boas pra contar. Quem sabe?! E se esse desejo mudar ao longo do tempo, ninguém poderá me dizer que o próximo sonho será impossível de se realizar. Aos poucos conquistamos o que queremos e principalmente, o que precisamos. É certo que para alguns parece acontecer mais rapidamente que para outros, mas quem se importa?! É melhor parar de cobiçar o jardim alheio e cuidar melhor do seu. Talvez as conquistas atuais não sejam suficientes e definitivamente, não são. Talvez novos desejos sejam traçados num futuro próximo e essa insatisfação nunca se esgote. Mas não dá pra deixar de lado o que já tenho. São coisas minhas, coisas e pessoas que amo, que nunca irei querer menosprezar.
Então talvez eu esteja desejando muito, demais, exageradamente, dramaticamente; como sempre acontece. Ou talvez não.