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jul
2020
01 julho 2020

Entrevista com a autora: Giuliana Murakami


E o blog tem novidades! O Meu Outro Lado fechou parceria com a autora Giuliana Murakami, escritora muito simpática e talentosa a qual vou poder conhecer sua obra muito em breve. Para iniciarmos os trabalhos, que tal conhecer um pouco sobre ela? 

Uma breve apresentação sobre quem é você, o que faz, sua formação, o que te inspira.
Sou paraense, nascida em Belém, neta de avós maternos japoneses (sansei) e pai português. Desde cedo recebi influência do folclore amazônico, do nipônico e adorava ouvir histórias do meu pai em Portugal. Foram essas tradições orais as minhas primeiras inspirações.
Aos poucos, fui desenvolvendo o hábito de leitura e, hoje em dia, sempre comento que minhas inspirações são “Harry Potter” (comecei a escrever, inclusive, por meio de fanfics da saga), independente de minhas opiniões pessoais ainda não totalmente formadas (por necessidade de estudo mesmo) sobre recentes condutas da criadora do universo; “Fronteiras do Universo”, fantasia escrita por Phillip Pullman; Haruki Murakami e seu realismo mágico; e como autores nacionais, Raphael Draccon ( “Dragões de Éter”), Eduardo Sphor (“A Batalha do Apocalipse”) e minha conterrânea, Roberta Spindler, fantasista de mão cheia por quem tenho grande admiração.
Gosto de dizer também que tudo ao meu redor me inspira. O que consumo, o que vejo, o que vivencio, minhas lembranças e sensações que perpassam meus sentidos ao longo da vida. Então, animes e desenhos animados entram na lista, os conflitos da rotina e também os introspectivos, meus estudos acadêmicos e de hobbie, a minha relação com as pessoas, a esquina da minha rua... Não que esses elementos estejam necessariamente presentes no que escrevo de forma latente, mas com certeza estarão implícitos em algum momento.
Sou formada em Direito e trabalho como advogada atuando em causas envolvendo direito tributário, o que me tira um pouco da fantasia e me coloca em situações que envolvem mais números e lógica. Equilíbrio é tudo. XD

Quando iniciou tua paixão pela Literatura?
A literatura como leitura iniciou cedo. Lia livros folclóricos aos quatro/cinco anos, comecei a consumir “Harry Potter”, “Crônicas de Nárnia” e “Alice no País das Maravilhas” talvez com uns oito anos, e vez ou outra fuçava a biblioteca da minha escola em busca de histórias novas.

O que te motiva a escrever?
Principalmente as personagens. Elas surgem em momentos aleatórios e rugem para que suas histórias sejam contadas. É uma motivação interna, de querer narrar.
Hoje em dia, com obra publicada, eu posso dizer que uma outra motivação recorrente é levar aos meus leitores alguma mensagem que considero importante. Não que eu me prenda a levar mensagens em todos os meus textos, mas com certeza ouvir meus leitores é um prazer enorme.
Sou fantasista primordialmente e quando criança escrevia para fugir da minha realidade; na adolescência, era como um acréscimo fantasioso aos meus próprios desejos de aventura; e atualmente, considero que escrever fantasia serve para expressar a realidade em vários prismas. É um escape fantasista, mas que discute a realidade nas entrelinhas de seu contexto imaginário. Isso também me motiva.
Sob o Sino é seu mais novo conto, está disponível na Amazon

Como ocorre teu processo de escrita?
Quando a ideia vem, seu núcleo principal costuma ser personagens e contextos específicos de conflito. A partir destes elementos, começo a criar o esboço da obra, confeccionando fichas das personagens com suas características psicológicas e físicas; estruturo o enredo (se for saga, normalmente já estruturo todos os livros que a compõe) e começo a escrever o primeiro rascunho.

Como ocorre a trajetória de publicação?
Hoje em dia temos vários caminhos. Os que conheço e experimentei são a publicação física por meio da contratação de serviços editoriais, seja uma editora mesmo ou uma empresa que presta esses serviços e, também, a possibilidade de publicar por meio de premiações, que foi como ocorreu a publicação do meu primeiro livro, “Guardiões do Império – O Selo do Sétimo”, que venceu a terceira edição do Prêmio Fox-Empíreo de Literatura.
Outra possibilidade acessível a vários autores é publicar em plataforma digital gratuita como Wattpad, por exemplo ou pela Amazon, na qual você deverá elaborar um ebook (livro digital) compatível com o site. Vários autores seguem por esse caminho hoje em dia.

O que você pensa sobre o mercado editorial brasileiro/paraense atual? É difícil ser autora/escritora no Pará?
O mercado tem sido favorável ao recebimento de autores nacionais nas editoras tradicionais. Atualmente, por conta das redes sociais, é impossível desvincular um autor do seu leitor, o que torna a proximidade entre eles um atrativo mercadológico.
O Norte ainda sente resistência de alguns pontuais focos de mercado no sul e sudeste, onde há maior número de leitores. Ainda assim, estamos cada vez mais sendo lidos, não só por conta da facilidade em divulgar materiais pelas mídias como também pelo pioneirismo de alguns autores de nossa terra em editoras tradicionais. Posso dar o exemplo da própria Roberta Spindler, que é uma autora publicada pela Cia das Letras. Casos como esse servem de inspiração para todos nós, autores paraenses e também nortistas.

Quais as suas paixões além da Literatura?
A arte sempre me instiga. Gosto de teatro, principalmente o regional (fã de carteirinha do Teatro de Apartamento), de cinema (embora não me considere cinéfila), de música (sou muito eclética, ouço desde reggeaton a Bethoveen), de desenho animado e animes (a propósito talvez uma das minhas fontes de inspirações mais frequentes depois da literatura).
Gosto também de museus e amo estudar sobre culturas e mitologias de países diferentes (outra fonte de inspiração). Ouvir pessoas também é algo que gosto muito, principalmente os mais velhos, que têm ótimas histórias sobre suas vidas e imaginários.
Por fim, posso dizer que gosto de caminhar também. Às vezes para observar paisagens, pessoas e animais, às vezes só para ter algo mecânico a se fazer enquanto fico viajando nas minhas ideias. XD

A imagem pode conter: desenho
Um das obras da Giuliana é Guardiões do Império, lançado pela Empíreo.

Tem dicas para uma boa escrita e para pessoas que pretendem escrever seu próprio livro?
Costumo dizer que não existe escrita perfeita. Todos temos um estilo, fruto de nossas vivências (ou escrevivências, termo muito bem colocado pela nossa escritora Conceição Evatisto), então não se cobre sobre ser bom ou ruim, seus leitores serão alcançados.
Isso não significa que devemos ser relapsos XD. Primeira dica que dou é: tenha calma. Sua história não fugirá, está coladinha com você, só é preciso lapidá-la para que seja compreensível, afinal, do que adianta escrever uma obra para publicação se não consegue comunicar o que está ocorrendo naquele livro? A não ser que escreva só para si mesmo, o cuidado com revisão é imprescindível, principalmente no que se refere à coesão e coerência; serviços de revisão gramatical podem, inclusive, ser terceirizados.
Segunda dica é: sejamos responsáveis socialmente. Vivemos em um mundo em que o acesso à informação alcança a quase todos e você ser um escritorx que lance uma obra incitando racismo, machismo, violência, LGBTQIA+fobia, sexismo, misoginia ou outros temas sensíveis sem qualquer propósito literário, você está sendo irresponsável. Não existe liberdade de expressão sem limites.
Terceira dica: não inicie sem saber o fim. Importante que você saiba conduzir ao menos o esqueleto da obra, pois sabemos que, às vezes, as personagens pedem uma modificação aqui ou acolá, mas tenha firmeza no que pretende escrever, não comece uma obra sem estruturá-la e quando falo de estrutura, não necessariamente digo para que saiba o que acontecerá em toooodos os capítulos. Saiba, ao menos, quais os elementos básicos inerentes ao seu gênero/tipo de texto. Você precisa conhecer suas personagens e traçá-las de uma forma que seja crível e lógica; você precisa conhecer os conflitos que vai trabalhar no livro; e, por fim, precisa saber como terminará a história. Pode até ser que mude o final no decorrer da narrativa, mas iniciá-la sem ter ideia de terminá-la pode te levar a um bloqueio criativo.
Quarta e última dica é para que você tenha seu próprio ritmo e seja gentil consigo mesmo. Não gosto de dizer que você precisa de uma rotina, de uma disciplina etc, não conheço sua vida, não sei quantas horas de trabalho externo você faz, ou se possui alguns desafios do cotidiano. Te dizer para ser assim ou assado pode só gerar uma crise de ansiedade em você. Se você acha que consegue escrever X palavras por dia, tudo bem, faça, é bom trabalhar com metas quando não se tem problemas com elas. Mas se você tiver uma personalidade ou uma vida agitada demais para elas, não se cobre.
Há vantagens e desvantagens sobre ter metas ou ser mais flexível. Vou dizer apenas que talvez ser disciplinado demais possa te engessar, tornar o texto sem alma (pode, mas não necessariamente isso ocorrerá) e a desvantagem de não ter disciplina é que você pode acabar perdendo o ritmo textual, então aconselho a sempre ler o capítulo anterior ou trechos anteriores para não tornar a experiência uma montanha-russa desenfreada em loops constantes.
Ao invés de dizer que você precisa escrever tantas palavras por dia em tantos dias da semana, o que vou lhe aconselhar é que tenha foco. Você precisa terminar aquela obra que se propôs a trazer ao mundo, não importa o tempo que precise. Você precisa ter foco de iniciar e começar uma história com estrutura e personagens bem caracterizados. É isso. Não se cobre, não se compare com outros autorxs a não ser que a comparação seja para somar e não cortar você. Faça você seu próprio ritmo, mas sempre visando aquele ponto final porque lhe garanto uma coisa: seu ponto final é apenas o ponto de partida para o leitor, e é uma sensação indescritível poder ouvi-los falar sobre sua obra.

Incrível! É um prazer conhecer um pouco mais sobre ela e suas obras. Acompanhe a autora em suas redes sociais: Facebook | Instagram | Twitter. Suas produções e mais informações podem ser encontradas no site oficial: https://giulianamurakami.com/

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21 comentários:

  1. Oi, Jeniffer!

    Que maravilhosa essa entrevista! Muito simpática mesmo essa a Giuliana, passou várias dicas bacanas que vão servir muito bem pros autores iniciantes! Realmente hoje em dia o mercado literário está recebendo os autores nacionais com uma facilidade maior, temos mais meios para chegar lá e adquirir leitores, e isso é ótimo! Desejo muito sucesso pra ela!!

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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    1. Sim, ela é super simpática e acessível! Amei as dicas também <3

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    2. Muito obrigada, Carol!
      Aos poucos, a literatura brasileira tomará grandes formas! <3

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  2. Olá, Jeniffer.
    Meus parabéns pela parceria. Espero que seja um sucesso e que venham muitas boas leituras pela frente. Eu não conhecia a autora ainda e achei ela bem simpática.

    Prefácio

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    1. Em breve, espero poder escrever sobre as obras dela por aqui e fazer mais leitores conhecerem ela :3

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    2. Oiê, muito obrigada! ^^
      Espero fazer jus a essa parceira incrível que é a Jeniffer! <3

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  3. Parabéns pela parceria. Eu não conhecia ela e nem a obra, mas já fiquei curiosa para você falar mais :)

    www.vivendosentimentos.com.br

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    1. Oba! Espero, em breve, trazer mais sobre a obra dela por aqui ><

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    2. Olha que eu também! Jeniffer é um amor e vocês também. <3

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  4. Oi, Jeniffer!
    Amei a entrevista e as respostas da Giuliana!
    Fiquei com vontade de conhecer mais do trabalho dela, e com certeza vou fazê-lo :D
    Noto que ainda hoje existe muito preconceito com a literatura nacional, mas eu amo e sempre quero panfletar meus autores favoritos por aí haha <3

    Estante Bibliográfica


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    1. Sim! Quero me dedicar a esse projeto de ler mais autores nacionais contemporâneos, porque leio muito clássicos/canônicos. A Giuliana vai ser um desses autores <3

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    2. Aaah, muito obrigada. Saber que não estamos sozinhos me deixa muito feliz e esperançosa.
      Aqui meu Instagram caso queira acompanhar de pertinho: @giulianamurakami . <3

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  5. Não conhecia a autora, então gostei muito de saber um pouco mais sobre ela.
    O processo de escrita dela é quase igual ao meu, mas ainda sofro tanto
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. E quem não sofre né? hahah nem manter rotina eu consigo! Escrevo quando quero/dá na cabeça rs Mas pretendo mudar isso.

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    2. hauahua é complicado estabelecermos regras para nossa dinâmica de escrita mesmo. Todos temos uma vida muito particular.
      Espero que consigas se organizar. Lembre-se: um trabalho feito é sempre melhor do que um não feito, então, não pense muito nas revisões logo de cara. Deixe fluir *emoji zen*.
      Bjão! <3

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  6. Olá...
    Parabéns pela parceria!
    Ainda não conhecia a autora, mas, amei conhece-la através da entrevista <3
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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  7. Olá!
    Muito bom conhecer essa autora brasileira, tão bom nos aproximarmos mais do escritor, amo quadro de entrevistas.
    Gostei de saber como funciona para ela o desenrolar da escrita.
    Beijocas.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. As dicas dela são incríveis mesmo!

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    2. Aaaah, muito grata! É um prazer enorme ter vocês por perto também! <3

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